A criadora original do fast fashion, a Zara, tem sido elogiada pela velocidade de comercialização de seus produtos e, em muitos aspectos, é um exemplo da cadeia de suprimentos digitalizada e verticalmente integrada. No entanto, com os clientes exigindo cada vez mais produtos exclusivos e sob medida, a Zara deve começar a investir em tecnologia de design 3D e fabricação sob demanda para permitir uma verdadeira personalização em massa.

A capacidade interna da Zara para projetar, fabricar e distribuir permite que novas coleções cheguem às lojas dentro de 2 semanas após a concepção. Além disso, a Zara oferece um estoque de roupas prontas em quantidades limitadas com base nas tendências atuais do consumidor. Esses recursos permitem o planejamento ideal de vendas, manufatura “na hora certa” e gerenciamento de inventário, permitindo que a Zara se aproxime de um modelo de personalização em massa.

Embora muitos varejistas de moda tenham se esforçado para otimizar suas cadeias de suprimento e, ao fazê-lo, permanecerem competitivos, alguns novos participantes estão levando a digitalização para a próxima fronteira, usando design e impressão digital (por exemplo, impressão e digitalização 3D) para adequar a oferta à demanda num nível de consumidor individual, tornando possível a personalização em massa.

Para manter sua vantagem competitiva, a Zara deve começar a fazer um balanço das novas tecnologias digitais e ver as empresas concorrentes que as adotam rapidamente como verdadeiras ameaças. Por exemplo, a Adidas desenvolveu o SpeedFactory, uma iniciativa para aumentar a utilização do tricô 3D com o objetivo de fabricar tênis personalizados de acordo com as necessidades de forma, tamanho e desempenho de um indivíduo. A marca masculina de e-commerce Ministry of Supply, investiu na personalização em massa com máquina de tricô 3D em suas lojas, para que o cliente pode personalizar um blazer e recebê-lo pronto em 90 minutos.

Há duas razões principais pelas quais adotar essas ferramentas de personalização em massa é uma necessidade para os gigantes do varejo, como a Zara. Em primeiro lugar, os clientes exigem cada vez mais produtos únicos e personalizados, pressionando os varejistas para aumentar a flexibilidade da cadeia de suprimentos. Além disso, as ferramentas de personalização em massa oferecem a oportunidade de reduzir custos.

A fabricação de produtos sob demanda oferece economia de produção e custos indiretos e significa praticamente nenhum risco de estoque não vendido. Por exemplo, a malharia 3D também resulta em desperdício mínimo de tecido em relação à fabricação tradicional e é quase totalmente automatizada, resultando em menor custo de mão de obra. A cadeia de suprimentos ágil e verticalmente integrada da Zara está se beneficiando do investimento contínuo em tecnologia digital para melhorar a velocidade de comercialização e a capacidade de resposta às preferências do cliente.

Isso se manifesta através de um menor número de roupas fabricadas e tempo de prateleira limitado nas lojas. Por exemplo, a Zara agora reserva 85% de sua capacidade de produção interna para ajustes de coleção durante a temporada. A capacidade de produção é sacrificada para permitir agilidade na resposta às mudanças na demanda, reduzindo assim os tempos de resposta de produtos resultantes das tendências identificadas no meio da temporada. A marca italiana Benetton utiliza máquinas de tricô 3D para produzir roupas sem costura com o inovador conceito “malha de fio único”.

A empresa também está investindo em tecnologia RFID para melhorar o gerenciamento de estoques em lojas e armazéns. Ainda assim, apesar do aumento da eficiência da cadeia de suprimentos, a Zara não mudou a criação de produtos verdadeiramente “feitos sob encomenda”. Assim sendo, ainda existe um “efeito chicote” clássico que resulta do atraso da informação entre a identificação das necessidades do cliente e a comunicação da cadeia de suprimentos.

Embora a liderança da Inditex (a empresa controladora da Zara) enfatize a importância da otimização contínua da cadeia de suprimentos a longo prazo, não houve melhorias radicais na cadeia de suprimentos, como investimento em tecnologia de tricô 3D como um caminho para a personalização completa. No curto prazo, semelhante a empresas como Adidas, Nike e Ministry of Supply, a Zara deve adotar a tecnologia de fabricação 3D pois oferece uma oportunidade para a empresa consolidar ainda mais sua cadeia de suprimentos, reduzindo os prazos de entrega e reduzindo custos diretos de material e mão de obra, custos de transporte, necessidades de espaço de varejo, bem como custos de estoque e obsolescência.

https://youtu.be/r5IhqTR-LZk

A fabricação 3D permitiria que a Zara avaliasse as reações dos clientes à nova tecnologia, avaliando tanto a experiência do consumidor quanto os aprimoramentos de produtos, como roupas sem costuras. Nos próximos 3-5 anos, a Zara deve determinar o mix ideal de produtos padronizados versus produtos personalizados para oferecer, e, assim, determinar o grau de mudança tecnológica necessária para atender a essa demanda.

Além disso, a Zara deve determinar como alocar capital com eficiência, de modo que novos processos e tecnologias de fabricação possam ser integrados à cadeia de suprimentos sem interromper as operações e prejudicar a capacidade de atender aos seus clientes. Com a tecnologia de fabricação 3D, a Zara poderá trocar o fast fashion pelo ultrafast fashion. Veja a coleção feminina de malharia no site da Zara.

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Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

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