Os sistemas de saúde em todo o mundo estão enfrentando grandes desafios, no entanto, a tecnologia inteligente, incluindo dispositivos portáteis (wearables) e roupas inteligentes com sensores de monitoramento de pacientes, podem ajudar a construir uma sociedade na qual todos possam viver com boa saúde e segurança.
O aumento dos custos, aliado ao envelhecimento da população, está colocando uma pressão sem precedentes sobre os sistemas de saúde em todo o mundo. De acordo com o relatório de Inovação Social em Saúde da Frost & Sullivan, o número de pessoas com 65 anos ou mais deverá crescer de cerca de 524 milhões em 2010 para quase 1,5 bilhão em 2050.
O mercado global de saúde enfrenta o duplo desafio do envelhecimento da população e doenças crônicas, e há muito o que pode ser feito à medida que surgem novas tecnologias para gerenciar vários tipos de doenças, o que melhorará o estado de saúde dos pacientes. A tecnologia vestível para fitness e cuidados médicos é um grande mercado a ser explorado pelas startups.
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Dispositivos inteligentes para saúde e bem estar
Uma solução é a implementação de novas tecnologias de saúde inteligente. Já existem 165 mil aplicativos relacionados à saúde na Apple app store, e esse mercado está crescendo ano-a-ano. A Frost & Sullivan prevê que os dispositivos portáteis de próxima geração e os aplicativos centrados em serviços de saúde têm o potencial de atingir US$ 25 bilhões globalmente até 2020, com uma porcentagem muito maior de aplicativos definidos para incluir funções de grau clínico.
Quando a maioria das pessoas pensa em wearables, muitas vezes pensam nos relógios inteligentes, monitores de fitness e monitores de frequência cardíaca que normalmente são usados no pulso. No entanto, o mercado de vestuário se estende muito além desses dispositivos em múltiplos mercados emergentes em algumas indústrias diferentes.
Um desses mercados emergentes são roupas para cuidados de saúde. É a ideia de tecer eletrônicos numa camiseta, cobertor, bandagem, gola de malha, calças e meias para realizar funções específicas de cuidados médicos ao usuário. Nada que é produzido pela indústria é mais íntimo das pessoas do que os tecidos. Desde a hora que nascemos até a nossa morte, estamos quase o tempo todo em contato com tecidos. É a plataforma ideal para o monitoramento constante da nossa saúde.
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A roupa inteligente e o E-textiles (tecido eletrônico), como um todo, ainda estão em sua infância, e as aplicações práticas que estão sendo usadas em hospitais e outras instalações de cuidados ainda são poucas. A roupa inteligente é vista como uma forma de revolucionar a prática de cuidados de saúde, e espera-se que um uso generalizado de roupas usadas para monitorar a saúde ou ajudar com o tratamento possa reduzir a dependência de equipamentos caros e dos centros médicos.
Essas roupas podem monitorar doenças crônicas, ajudar com o envelhecimento da população, ou tornar os pacientes mais confortáveis durante sua estadia num hospital ou numa clínica de tratamento, ajudando a criar valor, obtendo informações sobre a saúde e reduzindo custos. Os E-textiles são projetados para serem confortáveis na pele, mas ao mesmo tempo serem funcionais. Uma dos usos práticos dessa tecnologia é a prevenção de doenças.
Esses tecidos inteligentes consistem em tecidos tradicionais produzidos com fibras condutoras, bem como elementos eletrônicos, como sensores biomédicos, microcontroladores, fibra óptica e antenas portáteis. Eles estão sendo mais utilizados na área esportiva, médica, militar e trabalho. Os wearables e tecidos inteligentes farão um monitoramento mais eficiente da nossa saúde com a ajuda de outras tecnologias disruptivas como Big Data, blockchain, internet das coisas e inteligência artificial. O gráfico abaixo mostra 9 áreas onde a tecnologia vestível está sendo aplicada para saúde e bem estar.
Os tecidos eletrônicos são produzidos em teares computadorizados misturando fios naturais ou sintéticos com fios metálicos condutores como prata, níquel, carbono, cobre, alumínio e aço inoxidável, que quando tecidos juntos tem toque e sensação iguais ao fio tradicional. Dependendo de como as fibras condutoras são tecidas e a eletrônica incluída na roupa inteligente, o tecido é durável e pode ser lavado de forma semelhante à roupa normal. Embora a durabilidade ainda seja uma questão em curso em muitos projetos, a maioria dos pesquisadores e empresas estão trabalhando para a comercialização em massa de roupas inteligentes para cuidados de saúde.
Até agora, houve relativamente poucos sucessos comerciais de E-textiles. Uma das razões para isso é a falta de disposição das empresas no setor de saúde para investir em projetos de pesquisa ou acadêmicos. Dessa forma algumas empresas se voltaram para o mercado esportivo e de bem-estar, pois podem receber mais investimento.
No entanto, com um aumento contínuo em muitas partes do mundo de doenças crônicas como diabetes, doenças cardíacas, câncer, distúrbios respiratórios e o envelhecimento da população, o desenvolvimento de E-textiles está aumentando para uso na área da saúde. Em alguns ensaios clínicos, a roupa inteligente mostrou proteger contra doenças infecciosas, ajuda a detectar o estado da saúde do usuário e ajudar a prevenir, tratar e gerenciar a saúde.
O mercado global de tecidos inteligentes terá uma taxa anual de crescimento de 33,58% entre 2015 e 2024, enquanto o crescimento da indústria têxtil tradicional é de pouco mais de 5% ao ano. Uma coisa é certa, as roupas biomédicas inteligentes são o futuro dos cuidados de saúde.
A startup brasileira Carenet fundada por dois Suíços, é pioneira no país em integrar dados de saúde móvel através dos wearables NuGGet e Klip e disponibiliza essas informações através de seu aplicativo tudo-em-um, que monitora a saúde do usuário em tempo real, com informações detalhadas sobre atividades físicas, hábitos alimentares, qualidade do sono.
De acordo com o artigo “Wearables in Healthcare Should Adopting Internet of Me Approach“, os sensores estão sendo incorporados em roupas para uso médico em vez do habitual rastreamento de sinais vitais para atletismo e perda de peso. A tecnologia portátil está sendo aplicada em roupas do dia a dia, sapatos, e até mesmo roupas íntimas. Algumas empresas estão lançando roupas com sensores corporais incorporados no tecido que não são visíveis, tornando a roupa como um computador. É um conceito que está sendo chamado de Internet of Me (IoMe).
É importante integrar sensores na roupa de forma imperceptível para que os pacientes realmente os usem. As roupas e acessórios inteligentes também podem se conectar a um aplicativo que contém um assistente virtual que oferece conselhos médicos. Os profissionais médicos podem usar essa informação para determinar se um paciente está realizando exercícios de fisioterapia por exemplo.
Uma empresa que trabalha com tecnologia similar é a BeBop, que coloca tiras de sensores em sapatos, luvas e até mesmo na cama de um bebê para monitorar a respiração. Tenho certeza de que outras empresas estão seguindo o exemplo. Com esta tecnologia, as empresas esperam ver um aumento na qualidade da saúde e uma redução nas visitas ao consultório médico. Outro resultado possível é o melhor envolvimento entre médico e paciente pois os wearables e E-textiles tem o potencial de mudar a forma como médicos, pacientes e toda a população veem os cuidados de saúde.