O que fazer com as toneladas de resíduos da produção de chá? A empresa Wastea recicla de forma inteligente os resíduos do chá que, de outra forma, seriam queimados ou descartados em aterros sanitários. O material Wastea é um substituto vegano ao couro animal.
A indústria concentrou esforços para criar substitutos ao couro de animais que ofereçam os mesmos desempenhos mecânicos e estéticos que o couro, ao mesmo tempo que imitam a sua aparência, toque, calor e percepção como um material forte, valioso e durável.
Isto desencadeou a produção de inúmeras variedades de couros sintéticos feitos de compostos químicos, o que por sua vez ajudou a vender uma variedade de tecidos revestidos com PVC ou PU sintético.
Transformando desafios em oportunidades
A empresa turca que desenvolveu o material Wastea, Scays Group, concentra-se no desenvolvimento de soluções circulares e sustentáveis para inúmeras indústrias. Erdem Dogan, um empreendedor motivado que desejava ter um impacto positivo no mundo, lançou-o em 2015.
Seu objetivo é transformar lixo em valor e produzir bens que não sejam apenas esteticamente agradáveis e úteis. Mas também moral e ambientalmente responsável. Particularmente, o Wastea é produzido a partir de resíduos de chá que normalmente seriam descartados em aterros sanitários ou incineradores.
O desperdício de chá é um grande problema em todo o mundo, uma vez que consome 10% da produção mundial total de chá e tem uma influência negativa significativa no meio ambiente devido ao uso de água e presença frequente de resíduos químicos.
Através da utilização de um método patenteado que mistura resíduos de chá num material robusto, adaptável e respirável que se assemelha ao couro, o Grupo Scays identificou uma oportunidade para resolver este problema.
Couro tradicional x Wastea
Comparado ao couro tradicional, este material inovador apresenta uma série de benefícios, incluindo:
- Tem uma classificação de resistência ao fogo.
- Devido ao fato de nenhum animal ser maltratado ou morto durante a fabricação, é vegano.
- Contém uma camada natural que impede líquidos e sujeira, tornando-o resistente à água e manchas.
- É flexível e adaptável, pois pode ser colorido, impresso, gofrado ou costurado para criar o desenho desejado. É leve e agradável porque se adapta à forma e à temperatura do corpo. Além disso, o tecido contém poliuretano de base biológica (Bio Poliole), aumentando toda a composição de base biológica do material de 45% para 95%.
Para quais indústrias ele é adequado?
Inúmeras empresas de moda e designers já tomaram conhecimento do Wastea e o utilizaram para produzir bolsas, sapatos, jaquetas, carteiras, cintos e muito mais. Porém, como esse material é ideal para móveis, interiores e indústria automotiva, há espaço para outros cenários de aplicação.
O Scays Group afirma que é capaz de separar as várias camadas do Wastea e reciclar o material como um novo recurso para outros bens. Pela sua experiência na indústria têxtil e pela mais moderna tecnologia. O suporte do material, que é a base do tecido de fundo, é recuperado e utilizado para criar novos tecidos.
A camada superior é quebrada em pequenos pedaços e combinada com cimento e outros componentes naturais para produzir Wasmen. Um substituto inovador do cimento com uma variedade de propriedades únicas.
Benefícios positivos para a comunidade e para a economia circular
Wastea é uma boa escolha para quem gosta de moda e quer se sentir bem com suas decisões. É também uma ilustração fantástica de como a criatividade e a invenção podem ser usadas para resolver alguns dos problemas mais importantes do mundo moderno.
Ao incorporar Wastea no seu design, poderiam promover não apenas uma causa social que capacita os produtores de chá e os funcionários que ganham com o comércio justo dos recursos secundários que são utilizados na sua produção, mas também uma economia circular que recicla os resíduos.
O Wastea se junta a outras marcas que desenvolveram materiais veganos para substituir o couro animal. Materiais feitos com resíduos de maçã, manga, caqui, bananeira, micélio, caroços de azeitonas, cacto nopal entre outros.
Do lixo à moda: Oleatex produz imitação de couro utilizando caroços de azeitonas
PersiSKIN é uma alternativa vegana ao couro animal feito de excedentes do caqui
Banofi é uma alternativa ao couro animal feito dos resíduos de bananeira
Como resíduos de mangas e maçãs viram uma alternativa vegana ao couro?
Hermès e MycoWorks apresentam bolsa feita de micélio que imita couro
Inventores mexicanos criam material alternativo ao couro feito de cacto Nopal
Mirum é um novo material feito de resíduos agrícolas que imita couro
Bolt Threads lança Mylo, novo biomaterial feito de micélio que imita couro