Desde o ano de 2012 uma seca severa atinge o semiárido brasileiro atingindo cerca de 33,4 milhões de pessoas. Segundo um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) essa seca já causou um prejuízo de R$ 103,5 bilhões somente entre os anos de 2013 e 2015. De acordo com o estudo, o impacto da seca no Nordeste é muito grande e não somente para a economia da região, mas também para a economia do Brasil, já que somados os prejuízos por desastres naturais no Brasil totalizam R$ 173,5 bilhões. Ou seja, a representatividade da seca do Nordeste nesse quadro é de 60%.
O setor mais abalado foi a agricultura, no qual a perda de safra causou um prejuízo no Nordeste de R$ 74,5 bilhões. Na pecuária, foram R$ 20,4 bilhões de prejuízo com a morte e perda de valor dos animais. Já os demais prejuízos são da indústria e do poder público. Pareceres técnicos indicam que esse impacto econômico da seca jamais será recuperado tanto pelos municípios como pelo Estado e a União.
E agora o desafio é mensurar o impacto social de toda essa seca, afinal, ela também deixa prejuízos em toda a população e não somente na economia do Nordeste. O PT criou um projeto megalomaníaco da transposição do Rio São Francisco que foi orçado em 4,6 bilhões de reais, mas depois de 10 anos de atrasos, custou 10 bilhões. As denúncias de corrupção envolvendo empreiteiras e governos, com superfaturamentos e propinas, corroboram a crítica de que seria um “ralo de dinheiro público”. O projeto real atinge menos que 5% do Semiárido.
A população efetivamente a ser beneficiada corresponde a 0,3% da população do Nordeste, que é de 54 milhões. Mas a transposição do Rio São Francisco está ajudando a acelerar a morte do rio, pois rios também secam. Como as tecnologias atuais poderiam dar fim a esse drama da seca no nordeste que já dura 100 anos?
Dessalinização israelense: a necessidade é a mãe da invenção
A escassez de água sempre foi um sofrimento para Israel. O país está localizado numa região desértica, com clima entre tropical e semiárido e escassas fontes naturais de água doce. Uma das principais estratégias do governo israelense nos últimos anos tem sido investir na construção de usinas de dessalinização. Nos dias de hoje, cerca de 80% da água potável consumida pela população israelense vem do mar.
A busca por segurança hídrica levou o então governo de Israel, no ano de 2011 investir mais de US$ 500 milhões para erguer Sorek, a maior e mais barata usina de dessalinização de osmose reversa do mundo, e aumentar a quantidade de água doce para abastecimento público no país, captando assim água do Mar Mediterrâneo. A usina fica localizada a 15 quilômetros ao sul de Tel Aviv. Sorek produz 624.000 m³ por dia de água doce, o que representa 7,23 m³/s, suficientes para abastecer uma cidade com 2 milhões de habitantes.
A usina foi construída pela IDE Technologies, uma companhia israelense e fornece 20% da água consumida pelas residências do país. Na visita que fez ao presidente eleito Jair Bolsonaro, o embaixador israelense Yossi Shelley apresentou um projeto de parceria entre os dois países. O diplomata israelense anunciou a intenção do governo de seu país de bancar a instalação na região Nordeste de uma usina piloto de dessalinização de água do mar.
O embaixador israelense no Brasil, Yossi Shelley, disse ainda que as negociações sobre transferência da tecnologia vêm sendo lideradas por empresários israelenses diretamente com estados como o Ceará e Maranhão. Estados estes que veem sofrendo com a seca da região Nordeste. Felizmente, todos os estados do nordeste são banhados pelo mar, dessa forma será possível que cada estado tenha usinas de dessalinização para levar água tratada e limpa para o sertão e transformá-lo em campos irrigados para a agricultura.
A reportagem “Conexão Israel” do Canal Rural, mostra o sucesso de Israel como a dessalinização da água. Se Israel conseguiu transformar o deserto em campos verdejantes e cultiváveis, a mesma coisa pode ser feita no nordeste brasileiro. Diferente dos rios, a água do mar é inesgotável.
Outra reportagem do “Conexão Israel” mostra que quase metade da produção agrícola de Israel é abastecida com água de reuso de esgoto. Considerando que, em 2004, o país dependeu inteiramente de água subterrânea e chuva, agora tem várias usinas de dessalinização de água do mar em funcionamento e Sorek é o maior. Cerca de 80% da água potável consumida pela população israelense vem do mar.
A crítica à tecnologia de osmose reversa é que ela custa muito caro. O processo usa uma grande quantidade de energia para forçar a água salgada contra as membranas de polímero que possuem poros pequenos o suficiente para permitir a passagem de água fresca, retendo os íons de sal. No entanto, a usina Sorek venderá a água à autoridade israelense por 58 centavos de dólar por metro cúbico (1.000 litros, ou o que uma pessoa em Israel usa por semana), um preço menor do que as usinas convencionais de dessalinização.
Além disso, seu consumo de energia está entre os mais baixos do mundo para usinas de dessalinização em larga escala. A usina Sorek incorpora uma série de melhorias de engenharia que a tornam mais eficiente que as instalações de dessalinização anteriores. A fábrica também possui bombas altamente eficientes e dispositivos de recuperação de energia.
“Esta é realmente a água mais barata da dessalinização da água do mar produzida no mundo”, disse Raphael Semiat, engenheiro químico e especialista em dessalinização do Instituto de Tecnologia de Israel, ou Technion, em Haifa. “Não temos que lutar pela água, como fizemos no passado”. De acordo com a IDE Technologies, as 400 usinas da empresa em 40 países (construídas ao longo de quatro décadas) fornecem diariamente 3 milhões de metros cúbicos de água potável em todo o mundo.
Austrália, Cingapura, China, Chile, EUA e vários países do Golfo Pérsico já são grandes usuários da dessalinização da água do mar com a tecnologia da companhia israelense. Apesar das críticas, a dessalinização está sendo usada globalmente como uma importante solução para a escassez de água. Como líder mundial em tecnologias de água, os especialistas de Israel estão ajudando comunidades em todo o mundo a extrair água do oceano. O video mostra uma usina de dessalinização na Califórnia, tecnologia que em breve estará funcionando no nordeste brasileiro.