A fabricante japonesa de materiais Toray Industries vai iniciar a produção em massa de poliéster feito inteiramente a partir de plantas, um avanço para reduzir a dependência de petróleo e reduzir as emissões de carbono. A Toray desenvolveu o que está sendo descrito como o primeiro poliéster 100% à base de plantas do mundo em conjunto com a Virent, uma empresa de biocombustíveis dos EUA.
Os têxteis estão sob escrutínio global por sua grande pegada de carbono. Os poliésteres, em particular, representam 80% das fibras sintéticas produzidas em todo o mundo. As preocupações éticas estão pressionando as empresas de vestuário a se afastarem das fibras à base de petróleo. A H&M disse no ano passado que mudará completamente para materiais sustentáveis até 2030. “Nos EUA e na Europa, você estará cada vez mais incapaz de fazer negócios, a menos que use material ecológico”, disse o chefe de uma empresa japonesa de comércio de têxteis.
A Fast Retailing, dona da rede de roupas casuais Uniqlo, já usa biofibras em alguns de seus produtos. Tanto o ácido tereftálico quanto o etileno glicol que formam o poliéster são derivados do petróleo. Já existe tecnologia para extrair etileno glicol da cana-de-açúcar, e Toray usa a alternativa baseada em plantas em algumas das fibras que vende.
O Virent é capaz de criar uma versão derivada biologicamente do ácido tereftálico, que constitui 70% do teor de poliéster. Aparentemente, porções não comestíveis de cana e milho serão processadas para produzir o produto químico. Diz-se que a fibra vegetal tem a mesma durabilidade e facilidade de processamento dos poliésteres convencionais. Toray e Virent imaginam o material usado em roupas esportivas, interiores de automóveis e outros produtos.
Toray, a maior empresa têxtil do Japão, planeja quadruplicar o fornecimento de material ecológico até o ano fiscal de 2030, em comparação com o ano fiscal de 2013, à medida que a demanda por esses produtos cresce. Somente no Reino Unido, as compras de roupas éticas aumentaram 16% em 2018, 12 vezes e meia mais do que em 1999, segundo a revista Ethical Consumer.