Imagine levar um par de tênis desgastado, uma camiseta ou calça de ioga usada de volta à marca que os produziu, sabendo que o material de poliéster de que são feitos será biologicamente decomposto em seus elementos fundamentais, depois usado para fazer um novo par de tênis, camiseta ou calças de ioga ou qualquer coisa, na verdade, que seja feita de poliéster. O que, aliás, é muita coisa.

Este é o futuro que uma startup de biotecnologia chamada Carbios e um grupo de marcas conhecidas de roupas esportivas estão trabalhando. A startup francesa, que desenvolveu um processo enzimático para decompor o tereftalato de polietileno (conhecido como PET), assinou recentemente um acordo com as marcas On, Patagonia, Puma e Salomon para acelerar a comercialização de sua tecnologia de bioreciclagem para têxteis.

O consórcio visa desenvolver o primeiro sistema de reciclagem de “fibra a fibra” de poliéster em grande escala do setor, um processo que pode desempenhar um papel significativo na circularidade da moda.

As marcas “podem usar plásticos para fazer fibras, mas não têm uma solução para a reciclagem fibra a fibra em escala”, disse Emmanuel Ladent, CEO da Carbios, em entrevista.

Ao mesmo tempo, a Carbios fez uma parceria com a fabricante de PET Indorama Ventures para construir e operar a primeira planta de bio-reciclagem em escala comercial do mundo para plástico à base de PET em Lunéville, um município na região de Meurthe et Moselle, na França. A empresa espera que a instalação, que reciclará resíduos plásticos locais, comece a operar em 2025.

O PET é um polímero derivado do petróleo que é usado principalmente para produzir três produtos: garrafas plásticas, carpetes e vestuário. A indústria de vestuário tornou o poliéster a fibra têxtil mais usada no mundo, compreendendo mais de 50% das fibras produzidas globalmente.

Muitas marcas de vestuário e calçados usam “poliéster reciclado” até certo ponto – em produtos geralmente comercializados como contendo plástico “oceânico” ou “oceânico” – mas esse material vem de garrafas plásticas recicladas convencionalmente, não de roupas usadas.

Embora essa prática reduza a quantidade de plásticos de uso único que acabam queimados, depositados em aterros, no oceano e em outros cursos d’água, o poliéster reciclado de garrafas plásticas não resolve o gigantesco problema de resíduos pós-consumo da moda. Só nos Estados Unidos, mais de 34 bilhões de libras de resíduos de roupas são criados a cada ano, muitos dos quais acabam no lixo.

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Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

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