Nos países em desenvolvimento, os serviços básicos de saneamento e de coleta de lixo são mínimos, por isso as sacolas e garrafas plásticas estão por toda parte sujando as ruas, contaminando a água, o solo e os animais, destruindo recursos e paisagens naturais, o que torna as sacolas e garrafas plásticas numa praga ambiental. Através do trabalho de designers e artesãos, pode-se reaproveitar esses resíduos plásticos dando-lhes uma segunda vida na forma de bolsas, acessórios, tecidos para estofado, almofadas, pufes e até luminárias super modernas.
A FunkyJunk é uma empresa social de upcycling criada por Marc Lansu e Debbie Watkins que viveram no Camboja por muitos anos e ficaram profundamente incomodados ao verem toneladas de sacolas plasticas em todos os lugares em que eles fossem, então decidiram fazer algo a respeito. Foi assim que surgiu a FunkyJunk! A empresa se baseia numa ideia simples: contratam e treinam pessoas no Camboja para coletar sacolas de plástico nas ruas e campos para depois limpá-las e transformá-las em produtos de valor agregado para moda e decoração.
Para resolver o problema das sacolas plásticas descartadas, a marca lhes dá um novo valor, através de produtos de longa duração que ajudam na limpeza do meio ambiente causando assim um impacto social e ambiental positivo. Dessa forma os produtos da FunkyJunk não só contribuem para um ambiente mais limpo mas ambém fornecem benefícios como uma renda justa aos catadores e artesãos que coletam as sacolas plásticas e produzem os produtos localmente.
Através do aumento das vendas, o negócio cresce e pode contratar mais catadores de sacolas de plástico e artesão para criar novos produtos, e com isso todos ganham, a empresa, as pessoas locais que podem ganhar uma fonte de renda fixa e o meio ambiente. Os próximos destinos da FunkyJunk são Madagascar e Bangladesh, que estão desesperadamente necessitando de reciclagem de plástico e com isso podem se somar aos esforços da empresa em recolher e reciclar 1 milhão de sacolas plásticas descartadas.
Outra empresa social que também recolhe sacolas plásticas descartadas é a Reform Studio, que fica no Cairo/Egito, que criou o belíssimo tecido de decoração Plastex feito de centenas de sacolas de plástico. Veja mais aqui.
Em 2011, o designer espanhol Alvaro Catalán de Ocón viajou para a América do Sul, onde participou de um projeto liderado por Hélène Le Drogou, psicóloga e ativista que estava preocupada com a quantidade de resíduos de plástico contaminando a floresta Amazônia colombiana. Atualmente grandes quantidades de garrafas PET descartadas estão poluindo o solo, lagoas e rios da região amazônica, que depois vão flutuando até parar no oceano Pacífico.
O convite para Alvaro participar na iniciativa foi para que ele pudesse ver a quantidade de poluição gerada pelas garrafas plásticas que afetam a região, e com isso encontrar uma solução para o problema. Garrafas PET têm uma vida útil muito curta, considerando a quantidade de esforço que é preciso para produzi-las. O designer espanhol precisava encontrar uma forma criativa para transformar todo aquele resíduo plástico em um produto funcional e desejável para o mercado. E o que ele fez? Envolveu a comunidade local para transformar as garrafas PET em super estilosas luminárias de teto.
com a ajuda da Associação de Artesãos da Colômbia (uma organização dedicada à preservação do artesanato colombiano), Alvaro colaborou com dois grupos distintos de artesãos da região de Cauca, que foram deslocados pela guerra dos guerrilheiros das FARC para Bogotá. Juntos, o designer e os artesãos foram dando nova vida e forma para milhares de garrafas PET desde 2012, o que deu origem a PETlamp.
Utilizando finas tiras de plástico da superfície da garrafa PET, os artesãos locais podem produzir uma colorida trama misturada o plástico com fibras naturais tingidas. A forma estrutural original do topo da garrafa permanece no local onde se passa os componentes elétricos da lâmpada. Alvaro está trabalhando com dois grupos étnicos no projeto: Os emperara-siapidara que vivem na região litorânea de Cauca, onde a palmeira é encontrada em abundância e suas fibras são tingidas com pigmentos naturais para aplicação nas suas práticas artesanais tradicionais; e os Guambianos que vivem na zona fria da Cordilheira Central dos Andes, onde a lã e tecelagem de algodão são simbólicos de seus costumes.
O resultado são duas coleções exclusivas de luminárias de teto cujas cores, materiais e motivos, indicam as origens de seus fabricantes. A iniciativa dá aos moradores um meio de sustentar-se economicamente, bem como lhes ajuda a manter viva sua cultura, ajudando-lhes a expressar seu conhecimento na arte da cestaria para ser compartilhado com o mundo todo.
O designer Alvaro Catalán de Ocón estendeu o alcance do projeto PETlamp para agregar a criatividade de outros artesãos pelo mundo, como artesãos do Chile, Japão e Etiópia. A criatividade e a iniciativa empreendedora desses projetos de upcycling de sacolas e garrafas plásticas, mostram que do lixo pode-se criar produtos incríveis e lucrativos com forte apelo social e ambiental.
Uau!!! Maravilhoso projeto. Não conhecia essa iniciativa. Aliás, amo o conteúdo que publica aqui!! : D