Todos os anos, a União Europeia produz cerca de 110 milhões de toneladas de resíduos alimentare. Alguns desses resíduos, por exemplo, peles e cascas de amêndoa, já estão a ser utilizados como subprodutos agrícolas. Uma cooperativa agrícola com 550 associados em Pliego na Espanha processa quatro mil toneladas de amêndoas ao ano.

Mas quando se separa o miolo da casca, apenas 25%, ou seja, um pouco mais de mil toneladas, é a própria amêndoa – a fruta, que podemos usar para cozinhar e comer, ou para fazer produtos de beleza. Os restantes 75% são a casca da amêndoa, que é utilizada principalmente como biomassa.

Agora, cientistas do Projeto Bárbara financiado pela União Europeia têm planos mais ambiciosos para estas cascas de amêndoa. No laboratório do Grupo de Pesquisa para Análise de Polímeros e Nanomateriais (NANOBIOPOL) da Universidade de Alicante, cascas de amêndoa e resíduos de brócolis, limão e romã são processados para obter aditivos naturais com potencial valor industrial. Micro-ondas, produtos químicos e nanoargila ajudam a obter o potencial máximo de cada produto.

Painel de automóvel feito de plástico misturado com resíduos de alimentos

“A partir do limão, por exemplo, podemos extrair um corante amarelo e alguns óleos essenciais com fragrância de limão que podem dar tanto perfume como propriedades antibacterianas ao produto final que queremos desenvolver. A romã também fornece aditivos antibacterianos e uma gama de cores muito ampla, do vermelho ao azul, dependendo do processo químico que utilizamos no laboratório. Os brócolis dão um corante natural verde, que é bastante apelativo. E as cascas de amêndoa, uma vez moídas e misturadas com bioplásticos, podem dar uma textura, um aspeto semelhante ao da madeira”, explica María del Carmen Garrigós Selva, química desta universidade.

Os aditivos naturais são depois misturados com bioplásticos à base de amido de milho num laboratório. Processos mecânicos envolvendo altas temperaturas, arrefecimento por água e enrolamento do material transformam a mistura num fio que pode depois ser usado para fazer peças de automóvel graças à impressão 3D.

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Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

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