Uma antena têxtil foi desenvolvida por pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de S. Paulo. Essa tecnologia de vestir, projetada para ser colocada em roupas e uniformes, melhora a recepção de sinais de internet sem fio, pode também funcionar como localizador GPS e, se as antenas forem conectadas a sensores, permitem transmitir informações médicas, como temperatura do corpo e batimentos cardíacos do paciente, para centros médicos e hospitais.
A antena têxtil é feita com um substrato de tecido dielétrico, que não conduz corrente eléctrica, e incorpora um radiador feito com tecido condutor para transmitir e receber sinais na faixa de frequências desejada. A professora Fátima Correra, que coordenou a investigação, explicou que o tecido usado no substrato é um denim, por ser um material de fácil acesso e resistente. Já o radiador, que é uma parte metálica da antena, utiliza um tafetá de poliéster com 35% de cobre puro, conhecido como PCPTF, sigla em inglês para Pure Copper Polyester Taffeta.
Marcus Grilo, o doutorando em engenharia que desenvolveu os primeiros protótipos, explicou que começou por fazer uma antena de microfita tradicional, com entrada e saída de sinais ligada diretamente ao radiador, para validar a tecnologia de fabricação e servir de base para aprimorar aquilo que já era conhecido internacionalmente.
O que propôs foi uma antena de banda larga, para redes sem fio (WiFi e Bluetooth), para funcionar em banda ISM de 2,45 GHz, para aplicações industriais, científicas e militares. “O estudo propõe um circuito de alimentação original para ligar o sinal ao radiador e alargar a banda da antena. Assim, ela liga a frequência desejada em condições habituais de uso nas roupas, curvada e interagindo com o corpo”, explicou o engenheiro. O protótipo mais recente é uma antena para banda larga, para a banda ISM de 5,8 GHz, em que o sinal é irradiado por uma fenda em formato de U inserida no radiador.
Aplicações das antenas têxteis
As antenas têxteis são utilizadas em sistemas WBAN, sigla em inglês para Wireless Body Area Network. “Embora não haja um termo específico em português, WBAN pode ser traduzido como ‘redes corporais sem fios’. Em resumo, são sistemas vestíveis, que podem ser utilizados no corpo todo, com aplicações militares, médicas e civis,” contou Fátima.
A aplicação médica teria como objetivo transmitir sinais biológicos dos pacientes, como temperatura corporal, pressão arterial e batimentos cardíacos, obtidos por meio de sensores e transmitidos por meio da antena. “Desse modo, não seria preciso o paciente deslocar-se até o hospital para ser examinado“, explica a professora. “A telemedicina também é importante para monitorar a saúde de pessoas em condições de trabalho adversas. Por exemplo, no combate a incêndios, a medição a distância da temperatura corporal dos bombeiros pode alertar que o calor do ambiente está excessivo, causando risco de vida iminente.”
Outra utilização prevista para antenas têxteis é a identificação por radiofrequência. “Em uma escola infantil, por exemplo, um chip integrado a uma antena bordada com fio condutor no uniforme do aluno acionaria um alarme caso a criança saísse para a rua antes da chegada dos pais,” vislumbra Fátima. “Por fim, a antena têxtil permitiria a melhoria do sinal das redes sem fio (WiFi) em áreas de sombra”.
Fonte: Inovação Tecnológica