Personalização, tricô 3D e o futuro sustentável da moda

Nos métodos tradicionais de produção de roupas de malha, o tecido é o principal componente. Normalmente, no corte de roupas, você coloca moldes de papel 2D sobre um pedaço de tecido, o mais próximo possível um do outro, e depois corta os moldes do tecido, deixando um monte de resíduos no chão. Outro processo são as malhas no formato do molde da roupa que saem da máquina de tricô que depois são costuradas juntas. Entre esses processos, o desperdício de tecido é maior no primeiro processo. Como resultado, é necessário mais tempo para produzir uma peça de roupa, assim como a eficiência torna-se menor e o custo aumenta.

Poupador de mão-de-obra, eliminador de resíduos e possibilidades infinitas de personalização

Mas com a tecnologia de tricô sem costura ou tricô 3D, não há desperdício de tecido. Esta tecnologia pode produzir diretamente produtos acabados e diminui o processo tradicional de fabricação de roupas de malha. Isso leva a uma economia de custos de produção de até 40% em comparação com a fabricação tradicional e ajuda as empresas a reagirem mais rapidamente às novas tendências da moda, garantindo melhor conforto, adequação, qualidade e durabilidade.

O tricô sem costura permite que os designers criem um estilo personalizado que pode resolver problemas que encontramos com nossas roupas atuais. Esta tecnologia permite a eliminação de costuras laterais na peça e desperdício de materiais através da utilização de teares circulares ou máquinas de tricô 3D, que produzem o produto num processo único e contínuo. Esta tecnologia de ponta transforma, através de um ciclo de produção mais eficiente, o fio em peças de qualidade e personalizáveis.

O tricô sem costura permite aos designs e as marcas terem mais rapidez, personalização e sustentabilidade na fabricação de roupas e calçados que o tradicional processo de corte e a costura não pode alcançar. Quanto mais pessoas aprenderem sobre o tricô 3D, a tecnologia se tornará a vanguarda na criação e fabricação de malhas, ao mesmo tempo em que avançará novas idéias que não poderiam ter sido exploradas antes, como as roupas inteligentes.

Como a moda ética e sustentável está mais importante do que nunca, tricotar em 3D é uma forma inovadora de reduzir alguns dos nossos problemas como poluição e desperdício têxtil. Na fabricação de roupas de malha, a quantidade gerada de retalhos pequenos é de 5% a 10%, que são descartados no lixo. No processo de costura, verifica-se o desperdício de tempo na produção das peças pelas costureiras. Também existem perdas por erro de comunicação e/ou falta de atenção, apesar da existência de um funcionário exclusivo para gerenciar a produção.

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A tecnologia sem costura transforma os cones de fio numa roupa quase acabada em cerca de 40 minutos, com quase zero de desperdício. Então, a peça só precisa de 15 minutos de trabalho, que inclui tirar qualquer fio solto, costurar a etiqueta, passar e embalar. Devido às possibilidades ilimitadas, o tricô 3D pode ser aplicado a roupas íntimas, roupas de banho, roupas esportivas, roupas de lazer, roupas inteligentes, roupas de dormir além de calçados, bolsas, móveis e luminárias.

É uma das tecnologias de Indústria 4.0 para se montar uma fábrica automatizada de moda. Entre os maiores fabricantes de máquinas de tricô sem costura estão a japonesa Shima Seiki e a  alemã Stoll, já a italiana Santoni é líder mundial em teares circulares de tricô sem costura. As roupas sem costura produzidas num tear circular são mais justas ao corpo, por isso essa tecnologia é mais explorada por marcas de roupa íntima, meias e esportiva. Já as máquinas de tricô sem costura podem produzir roupas mais soltas no corpo.

A Indústria 4.0 é a palavra de ordem que acompanha o surgimento de fábricas inteligentes na 4ª revolução industrial, a era digital. Fábricas inteligentes têm um alto nível de automação e digitalização, onde as máquinas podem ser controladas por Inteligência Artificial, assim como o aprendizado de máquina pode ser liberado sobre os dados que essas máquinas geram. A IA é adicionada a todas as áreas da fábrica para que as máquinas possam se comunicar entre si e com outras unidades de negócios, como compras, transporte, vendas e até RH. Isso gerará um nível superior de custo-benefício e a capacidade de igualar a oferta e a demanda sem problemas.

A união da IA com sistemas ciber-físicos gera vastos fluxos de dados em assuntos internos e externos. Quando as máquinas podem se comunicar umas com as outras e estão conectadas a uma interface aberta, os problemas e falhas podem ser rastreados e relatados imediatamente. As máquinas podem até mesmo se reconfigurar para melhor se adaptar a uma nova situação, mas não vamos esquecer o humano em tudo isso pois a comunicação homem-máquina será da maior importância na próxima década. Dispositivos inteligentes e wearables com displays oferecem um enorme potencial para comunicação de forma intuitiva e natural com a tecnologia.

Hoje, os consumidores das gerações Y e Z querem mais do que apenas roupas baseadas em necessidades, revelando que preferem roupas com variações no seu design. Roupas sem costura são bonitas e mais confortáveis de usar do que roupas feitas de forma tradicional. Assim, com o foco em inovação e qualidade, novos estilos de roupas sem costura oferecem aos clientes a possibilidade de escaneamento corporal para “imprimir” roupas personalizadas sob demanda.

Além disso, a confecção de malhas sem costura cria menos danos ao meio ambiente global ao minimizar o descarte de resíduos e elimina até o problema de trabalho escravo, pois as máquinas fazem quase tudo. A indústria global da moda está sob ataque freqüente por seu histórico de terceirização e exploração de mão-de-obra em países pobres e pela enorme quantidade de resíduos gerados pela cultura descartável que envolve a fast fashion.

A união das tecnologias de tricô 3D e etiquetas RFDI (Radio Frequency Identification) permitem aos clientes rastrearem todos os elementos envolvidos na fabricação de um vestuário. Da fibra utilizada ao acabamento, todas as etapas da cadeia de suprimentos podem ser responsáveis ​​do ponto de vista ambiental e social.

Na Europa, EUA, Japão, China e outros países, a tecnologia sem costura é muito utilizada por pequenas, médias e grandes marcas de moda, não só por ser mais eficiente mas também pelo lado sustentável. Está na hora dessa tecnologia inovadora começar a ser adotada em grande escala pelas marcas de moda no Brasil, para produzir roupas sem costura em todas as estações do ano.