A madeira é a matéria-prima usada com mais frequência para a produção de papel e polpa de celulose, e o tempo de crescimento das árvores leva vários anos. O visionário Peter van Rosmalen é da opinião que este tempo não tem relação com a vida útil real do papel. Ele fundou a PaperWise que produz papel e papel cartão a partir de resíduos agrícolas.
Poucas pessoas sabem que apenas 20% da colheita real dos quatro principais cereais produzidos no mundo (milho, trigo, arroz e soja) é processada em alimentos, os outros 80% são geralmente incinerados como lixo ou viram silagem. Em vez da madeira, porque não aproveitar as milhares de toneladas de caules e folhas para extrair celulose?
View this post on Instagram
Peter van Rosmalen viajou por todo o mundo, e nessas viagens, viu os fazendeiros ateando fogo aos seus resíduos agrícolas (caules e folhas) nos campos. Isso causa muita fumaça. Inspirado na natureza, onde não há desperdício, ele procurou uma solução para esse desperdício de biomassa.
A maioria dos resíduos agrícolas em todo o mundo é incinerada. Muito disso nos campos e, na melhor das hipóteses, em usinas de energia. Mas se queimarmos algo, ele se foi, se perdeu para sempre.
Não seria melhor se pudéssemos usar os resíduos de uma indústria como matéria-prima para outra indústria? Quase 8 bilhões de pessoas vivem na Terra e nós construímos produtos agrícolas para nos alimentar como arroz, grãos, milho e cana-de-açúcar. Em média, as safras são apenas 20% alimentares. Os caules e folhas que sobram após a colheita são conhecidos como resíduos agrícolas e representam 80% da planta.
Dezenas de bilhões de quilos de resíduos agrícolas são gerados em todo o mundo a cada ano. Este enorme fluxo de resíduos é excessivo para os estábulos e inadequado para a alimentação animal. O que podemos fazer com essa enorme montanha de lixo de uma forma positiva?
A indústria de papel desenvolveu-se significativamente nos últimos anos. Essas inovações afetam principalmente o processo de produção. Menos produtos químicos, menos água, menos energia, menos resíduos e produtos de melhor qualidade. Quanto à matéria-prima, assistimos ao surgimento de madeiras certificadas com selos de homologação como FSC e PEFC.
View this post on Instagram
A matéria-prima mais utilizada para o papel, o pinus, tem um tempo de crescimento de 70 a 80 anos e está sendo cada vez mais substituída por fabricantes de eucaliptos com um tempo de crescimento de 10 a 15 anos. Mas por que devemos usar uma matéria-prima com um tempo de crescimento tão longo para a fabricação de papel, que em muitos casos são usados por poucos minutos?
O papel pode muito bem ser feito com resíduos agrícolas. Esta inovação em papel pode ter um impacto inimaginavelmente positivo no meio ambiente. A natureza não conhece o desperdício, essa é a inspiração da PaperWise. Fechando o ciclo, dando uma segunda vida as folhas e caules que sobram após a colheita na forma de papel e papelão, ambiental e socialmente compatíveis. Isso cria uma economia circular na qual os resíduos se tornam matérias-primas novamente.
Papel feito da palha da cana
A cana de açúcar tem diversas finalidades: açúcar, álcool e até energia elétrica. Mas a sua palha, resultante desses processos, sempre foi considerada um resíduo que era queimada no campo. A empresa FibraResist, de Lençóis Paulista/São Paulo, provou que é possível produzir papel a partir da palha.
A FibraResist é a primeira indústria do mundo a extrair pasta celulósica a partir da palha da cana-de-açúcar, por meio de uma tecnologia exclusiva e inovadora. Essa pasta é diferente das celuloses comuns e não necessita de branqueamento, por isso resulta em um papel mais escuro que o convencional. Um dos segredos da sua fabricação é o biodispersante, que separa a lignina das fibras existentes na palha, eliminando a necessidade de calor.
O processo também é sustentável, pois envolve um circuito fechado que evita o desperdício de água, e o pouco resíduo gerado pode ser reutilizado como adubo no campo, entre outras finalidades.
View this post on Instagram