Todos os anos são despejados 22 milhões de toneladas de plástico nos oceanos. Um número esmagador que, no entanto, não desencorajou Adriana Mano. Há cerca de dois anos, criou a marca de calçado vegano Zouri, cujas solas são feitas com plástico recolhido nas praias portuguesas, unicamente através de ações de voluntariado. “Não só para fazer as campanhas de limpeza, mas ainda ações de sensibilização nas escolas, onde falamos dos oceanos, da necessidade de reduzir, reutilizar e de promover um olhar diferente sobre os resíduos, que podem ser matérias-primas para trabalhos criativos”, conta Adriana.
O início não foi fácil e envolveu múltiplos parceiros, como a Ecoibéria que aceitou reciclar o plástico (cada par de sapatos tem o equivalente a seis garrafas), que depois é aglomerado com borracha natural, para conferir maior flexibilidade às solas. Os restantes componentes do calçado são feitos com outros materiais sustentáveis, como o Pinatex (criado a partir de folhas de abacaxi) e o algodão orgânico, linho e cânhamo por ter um custo mais baixo. “Procuramos sempre ter o preço mais acessível”, sublinha Adriana, razão pela qual optaram por vender apenas online.
Começaram por fazer sandálias e, mais tarde, lançaram os ténis de design retro. “Acima de tudo, queremos criar modelos intemporais, que sejam usados hoje e daqui a 10 anos.” Na gaveta da criadora não faltam outras ideias, entre elas, fazer da Zouri uma plataforma para coleções-cápsula de outros produtos, como vestuário, para fazer crescer esta ideia de economia circular.
Os calçados da Zouri são um exemplo de economia circular e já chegaram a 32 países. Foram muito bem recebidas na feira Neonyt, em Berlim, mas a fundadora, Adriana Mano, é clara: “o foco está em financiar as acções de impacto social”. A parceria com o município português de Esposende levou a equipe da Zouri a realizar acções de sensibilização nas escolas, que entretanto começaram a ser pedidas em muitas outras regiões. Todos os meses vão a pelo menos uma escola explicar a economia circular as crianças.
O objectivo de Adriana Mano é expandir o projecto indo a mais escolas e organizando ciclos de sensibilização e formação mais longos. “Quando vamos às escolas deixamos de trabalhar naquele dia, mas o mais importante é criar impacto social, esse é o nosso foco”.