O Parlamento Europeu quer definir critérios mínimos de resistência para os produtos e informar melhor os consumidores sobre a sua durabilidade. O objetivo? Incentivar a reparação e lutar contra a obsolescência programada da indústria. Um smartphone dura em média entre um e dois anos. Outros pequenos eletrodomésticos, brinquedos e roupas também têm um ciclo de vida igualmente curto, de acordo com um estudo do Parlamento Europeu.
Computadores, bicicletas, roupas esportivas ou roupa de cama têm uma “esperança de vida” muito melhor, tendo normalmente de ser substituídos ao fim de três ou quatro anos. O Parlamento está prestes a votar um relatório em que pede medidas concretas para lidar com este desperdício de dinheiro, energia e recursos.
Critérios de resistência e design modular
Os eurodeputados querem ver produtos com maior durabilidade no mercado, através da fixação de critérios mínimos de resistência com a colaboração das organizações de normalização europeias. Pascal Durand (Verdes/ALE, França), autor do relatório sobre produtos com uma duração de vida mais longa encoraja a construção modular de produtos para que estes possam ser facilmente reparados ou atualizados e a utilização de materiais e técnicas que facilitem as reparações (usar parafusos versus soldagem).
O Parlamento também quer lidar com parte mais insidiosa da obsolescência programada: quando um fabricante desenvolve defeitos num produto para que este se torne obsoleto numa determinada data ou após um determinado número de utilizações e pede à Comissão Europeia para criar um organismo independente para investigar possíveis ocorrências.
Rotulagem mais clara
De acordo com o eurobarometer, mais de 90% dos europeus afirmam que a rotulagem dos produtos deveria indicar claramente a sua longevidade. Os eurodeputados concordam e exigem a criação de um sistema de rotulagem.
“Quando um consumidor vê um produto que é 30 a 40 % mais barato e que parece ter o mesmo desempenho, se não estiver informado acerca da durabilidade do produto, como o fato desse aparelho se estragar ao fim de dois anos, em vez de dez, então, evidentemente, escolherá o produto mais barato”, explica o relator Pascal Durand.
Impacto das medidas nos fabricantes
Aumentar a duração de vida dos produtos pode ser um desafio para muitos dos fabricantes mas pode oferecer uma vantagem competitiva às pequenas e médias empresas, para quem é difícil competir através de preços baixos, mas o podem fazer através da qualidade dos seus produtos. Esta iniciativa insere-se no modelo de economia circular que tem como objetivo reduzir os desperdícios através da reutilização, a reciclagem e reparação. Essa medida deveria ser adotada no mundo todo para acabar de vez com esse absurdo que é a obsolescência programada, onde produtos são projetados para não durar e ser rapidamente descartados gerando muita poluição, lixo e desperdício.
Fonte : Europarl