O tear Jacquard é uma das invenções mais importantes da história e o primeiro tear mecânico inventado foi projetado pelo francês Joseph Marie Jacquard, em 1801, por isso é conhecido como tear Jacquard. Foi uma completa revolução têxtil que mecanizou o complicado trabalho manual do tecelão, onde os fios da urdidura deviam ser movidos para cima e para baixo com as mãos. O próprio Jacquard disse que seu pai levava uma semana para bordar dez centímetros de tecido.
A tecnologia têxtil que revolucionou o mundo
Jacquard também teve sorte pois estava no lugar certo e na hora certa, já que havia outras pessoas investigando na mesma linha. O que o francês fez foi substituir o tecelão e seu ajudante por um cartão perfurado, usando um sistema binário que foi o antecedente dos computadores atuais. O tecidos repetiam as formas geométricas uma e outra vez criando desenhos “pixelizados” que têm uma curiosidade: se viramos o tecido, vemos seu negativo.
Antes da revolução industrial, duas pessoas eram necessárias em cada tear sendo um tecelão qualificado e um assistente, e antes da invenção de Jacquard , só os ricos podiam se dar ao luxo de comprar roupas com frequência pois os tecidos eram caros, por isso as pessoas pobres ficavam vários anos com suas roupas, remendando-as quando rasgavam.
Joseph Marie Jacquard não inventou um novo tear mas uma tira com vários cartões perfurados (um cartão para cada linha do desenho) anexados ao tear que permitia que a máquina de tecelagem criasse automaticamente complexos padrões têxteis. Assim, qualquer tear que utilizasse o acessório seria chamado um tear Jacquard.
Em uma exposição industrial em Paris, em 1801, Jacquard demonstrou seu notável tear onde os padrões têxteis, que antes exigiam muitos cuidadosos para produzir e propensos a erros, poderiam agora ser feitos rapidamente e sem falhas, uma vez que eram programados e perfurados sobre os cartões e produzidos em massa.
O governo da França logo nacionalizou o tear e deu uma pensão vitalícia para Jacquard como forma de apoio, enquanto ele continuava a inovar. Ele também recebeu royalty para cada máquina vendida. Jacquard mais alguns anos para aperfeiçoar o dispositivo e torná-lo bem sucedido comercialmente. O impacto social e psicológico dessa máquina que podia substituir o trabalho humano foi imenso.
A inovação tecnológica está intimamente ligada à moda desde o início da primeira revolução industrial, e agora que estamos caminhando para a quarta revolução industrial, as modernas máquinas automatizadas de jacquard e tricô 3D criarão as roupas inteligentes do futuro que funcionam como computadores vestíveis. Essa é a ideia do Project Jacquard do Google.
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A feroz oposição à inovação
Já no final do século 18, os trabalhadores em toda a Europa ficaram muito irritados com a crescente mecanização das fábricas. O tear jacquard teve feroz oposição dos tecelões de seda em Paris, que previram acertadamente que a nova e eficiente tecnologia iria deixá-los desempregados. Na Inglaterra, onde o movimento de trabalhadores anti-indústria já estava bem desenvolvido, a notícia do tear Jacquard impulsionou o movimento ludita, cujos trabalhadores têxteis protestaram contra a inovação tecnológica. Os luditas foram os primeiros “sindicalistas”.
Embora os teares franceses não chegaram na Inglaterra até o início da década de 1820, a notícia da sua existência ajudou a intensificar protestos violentos. Pessoas quebraram as máquinas e mataram os donos de fábricas e as autoridades reprimiam violentamente os protestos. Felizmente os luditas não conseguiram impedir o progresso tecnológico que possibilitou que milhões de pobres pudessem comprar tecidos e roupas baratos graças a produção em massa. Até hoje, as pessoas que resistem as novas tecnologias são chamadas de luditas.
Mas o tear Jacquard era bom demais para ser ignorado. Em última análise, tornou-se padrão em todo o mundo expandindo as maravilhas da industrialização têxtil, mas logo foi substituído pelo tear mecânico de maquineta em 1840.
Foi o primeiro computador?
Talvez o mais interessante sobre o tear Jacquard foi a sua vida após a morte. Quando o pioneiro da computação Charles Babbage , um matemático britânico, previu uma “Máquina Analítica” em 1837, que iria se tornar o primeiro computador de uso geral, ele decidiu que a entrada do computador iria armazenar cartões perfurados como o sistema criado por Jacquard. Embora Babbage nunca construiu seu aparelho, ele e sua obra foram bem conhecidos pela comunidade matemática e eventualmente, influenciou o campo que veio a ser a ciência da computação.
Em meados da década de 1880, o Escritório do Censo Americano começou a experimentar maneiras de automatizar a forma de avaliar a população dos Estados Unidos e processar as respostas obtidas pelas pesquisas feitas a cada agregado familiar. Os dados do censo de 1880 eram enormes e levariam oito anos para compilar e processo. O engenheiro Herman Hollerith , que estava na equipe técnica do departamento, sentiu que poderia melhorar o processo. Em 1884, ele registrou uma patente para um dispositivo eletromecânico que podia ler rapidamente a informação codificada nos furos feitos em uma fita de papel ou num conjunto de cartões.
Em 1889 Herman Hollerith criou a empresa Tabulating Machine Company e foi escolhido para processar o censo de 1890. A empresa foi decididamente bem sucedida e os dados do censo de 1890 foi compilado em apenas um ano. A população dos Estados Unidos em 1890 foi estimado em 62.947.714 pessoas.
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Aparentemente, o engenheiro baseou seu conceito no tear Jacquard e mais tarde a Tabulating Machine Co. foi rebatizada como IBM. Assim, o computador se tornou a vanguarda da inovação mas seu antepassado foi o tear Jacquard. É justo que a computação está agora gerando inovação na indústria têxtil com a criação da tecnologia vestível, roupas de impressão 3D e máquinas de tricô digitais industriais. Antes mesmo do telégrafo, a inovação em tecnologia têxtil foi um dos “motores” (juntamente com a energia a vapor e produção de ferro) que levou a Revolução Industrial.
A revolução da moda personalizada por máquinas de tear industriais
Imagine que você, o cliente, seja capaz de personalizar um suéter de caxemira com suas cores e padrões favoritos por um preço comparável a um item produzido em massa, e recebê-lo em sua casa em poucos dias. Essa é a ideia por trás do Estúdio Unmade que utiliza software para executar seus teares industriais digitais. O software trata as roupas como arquivos digitais que podem ser modificadas, possibilitando aos clientes mudarem as cores e padrões. Mas cada peça é fabricado somente após o cliente fazer o pedido.
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A empresa tem sede em Londres e faz parceria com várias grandes marcas de moda e varejistas para deixar seus clientes criarem roupas sob medida. O software ajuda as marcas a oferecerem uma maior variedade de peças de vestuário de forma mais acelerada, e os capacita a vender itens específicos para seus clientes sem a necessidade de ter estoques. Camisetas, vestidos, meias, blusas, lenços, chapéus e luvas podem ser produzidos de forma personalizada e sob demanda pelas máquinas sem causar poluição e desperdício.
O tear Jacquard foi uma das tecnologias que deram início a revolução industrial e o surgimento dos computadores, mas agora, com as novas e moderníssimas máquinas de tear industriais, poderemos criar uma nova indústria da moda tornando-a mais sustentável e inteligente.