O aproveitamento de um bovino não se resume somente a produção de carne, leite e seus derivados. Os produtos originados de um bovino, estão muito mais presente em outras indústrias do podemos imaginar. São dezenas de segmentos que dependem dos produtos de origem bovina.
São classificados em comestíveis, não comestíveis e determinados produtos podem ser enquadrados em ambos, vai depender da preparação, como é o caso do bucho, que pode ser utilizado na culinária para se fazer a dobradinha, ou para extrair a renina, componente usado na produção de coalho, queijo e laticínios.
A otimização da utilização da carcaça sempre foi um desafio para a indústria de carnes e agora, a melhoria da capacidade tecnológica e mais conhecimento sobre os benefícios dos subprodutos animais têm gerado maior contribuição para o aumento do consumo dos mesmos. Com a intensificação da produção animal e fornecimento de matérias primas como alimentos e roupas, outras partes do animal vem sendo estudadas e utilizadas na produção de diversos produtos como mobiliário, equipamentos e até mesmo em armas.
Com a introdução do processo de rendering (transformação de restos de tecidos animais em materiais com valor agregado) e outros de extração, foi desenvolvido o uso de carcaças para muitas outras aplicações na indústria farmacêutica, de cosméticos, doméstica e industrial. O desafio para os abatedouros tem sido otimizar e valorizar toda a carcaça do animal. Segundo a Embrapa, são cerca de 50 segmentos industriais que dependem diretamente dos subprodutos bovinos.
Se você é um vegano, e não come e usa nada de origem animal, como vive sem esses produtos?
Do boi não se perde nem o berro
Cabeça bovina:
A carne da cabeça é utilizada para a produção de embutidos. O miolo, para quem tem um paladar mais exótico, é consumido na culinária, e das glândulas extraem-se hormônios para medicamentos. Do osso da cabeça é fabricado ração e adubo.
Cascos e os chifres bovino:
Úteis para artesanatos. Das patas extrai-se mocotó comestível, óleo de mocotó para lubrificantes aeronáuticos. Das canelas é obtida gelatina para sorvetes, filmes de raio X, líquidos para extintores e resíduos para fertilizantes, também, pentes e botões.
As Fezes bovina:
Serve para adubo orgânico, adubos formulados e também é utilizado na produção de biogás. E mais recentemente, a designer holandesa Jalila Essaïdi criou uma tecnologia para extrair a celulose das fezes bovinas e transforma em fibra têxtil.
O Leite bovino:
O leite produzido por cada vaca, além de alimentar o bezerro, é também utilizados no consumo humano, na fabricação de queijo, requeijão, manteiga, iogurte, bolachas, biscoitos e pães. A estilista italiana Antonella Bellina e a estilista e microbiologista alemã Anke Domaskeis desenvolveram processos que transforma a caseína do leite em tecido semelhante a seda. A empresa francesa Lactips produz plástico biodegradável a partido do leite.
O Mocotó bovino:
Dos tendões e ligamentos se extrai colágeno que são transformados em gelatina e geleias, além de produzir óleos lubrificantes e graxas para couros e máquinas. O suíço Philipp Stössel, desenvolveu um novo método de obtenção de fibra têxtil a partir de colágeno.
Os Ossos bovinos:
Os ossos, fonte de cálcio e fósforo, são usados na produção de farinhas utilizadas na alimentação de animais e aves. Uma vez calcinados, são usados na fabricação de porcelana, cerâmica, refinação de prata e fusão do cobre. Em usina de açúcar, utiliza-se o carvão de osso para alvejar e refinar o açúcar.
O Pelo e a pele bovina:
Cabelos do rabo, da orelha e limpeza do couro são utilizados na indústria de pincéis, brochas, vassouras, filtros de ar e de combustível.
A pele, depois de tratada, chamada de couro, é utilizada na fabricação de bolsas, calçados, revestimentos (bancos de avião, carros, sofás, etc.), material esportivo (como bolas, tênis, chuteiras e luvas de goleiro) e até em roupas de luxo. Da pele do boi extrai-se o colágeno, substância poderosa utilizada em cosméticos (cremes e esmaltes), e ainda uma gelatina, usada na fabricação de medicamentos, filmes radiológicos e chicletes.
As Glândulas e mucosas bovina:
As glândulas: como as supra renais, tireóide, pâncreas, etc, são extraídas substâncias usadas em medicamentos, perfumaria e em laticínios. Por exemplo, a insulina para diabéticos é extraída a partir do pâncreas e a mucosa do bicho vai para a indústria de laticínios, para a fabricação do coalho.
O Intestino Bovino:
Do intestino produzem-se fios usados em cirurgias, a gordura é aproveitada para fazer sorvetes e produtos de confeitaria.
A bílis bovina:
É usada em produtos farmacêuticos para problemas digestivos e cálculo biliar, também pode ser seco e vendido para países do Oriente.
O sangue bovino:
Até o sangue dos bovinos é aproveitado para produção de plasma, soro e farinha de sangue ou sangue solúvel. O plasma é usado na fabricação de embutidos e do soro, confeccionam-se vacinas. A farinha de sangue é aplicada como fertilizante, por causa do alto teor de nitrogênio. O sangue solúvel é desidratado e aplicado em ração animal e na cola de madeira compensada.
O Sebo bovino:
Já o sebo, que não é comestível, se transforma em matéria-prima para a indústria farmacêutica, de sabão, sabonetes, detergentes, shampoos, tintas, pneus, lápis, velas, além de se extrair a glicerina, que tem várias utilidades, inclusive na fabricação de explosivos.
As Tripas bovina:
Usada na indústria de embutidos, no encordoamento de raquetes de tênis, na linha catgut (fibra natural de grande elasticidade e tenacidade), e em fios para suturas de cirurgias. Até a veia aorta é usada pela medicina e nem os lábios do animal são desperdiçados.
Estes são alguns exemplos, e como podemos ver tudo é aproveitado. Tem um ditado que diz “do boi só não se aproveita o berro”. Mas hoje podemos dizer que do boi se aproveita tudo, inclusive o berro, que é utilizado na composição de trilhas sonoras de filmes, novelas e canções. A funkeira Anitta descobriu que a solução para o mundo é diminuir o número de bovinos no Brasil. O Rural Business fez um video a respeito: