A grande poluição da água com corantes químicos tóxicos após o processo de tingimento têxtil, tornou a indústria da moda na segunda mais poluente do mundo, mas graças as novas tecnologias, agora podemos remediar esse problema quase inteiramente. Pesquisadores da Universidade Industrial de Santander (UIS), na Colômbia, desenvolveram um novo material híbrido de baixo custo capaz de remover a cor e toxicidade dos corantes químicos da água. Essa nova tecnologia pode acabar com o drama da poluição química dos rios e lagoas causada pelas indústrias têxteis.
O material, chamado Nanofique, é feito através de nanopartículas inseridas nas fibras naturais de plantas, como sisal, agave ou piteira. A pesquisa mostrou que as fibras de sisal tratadas removeram mais de 99% do corante índigo utilizado para tingir denim dentro de minutos. O pesquisadores Cristian Blanco Tirado, Marianny Combariza Montanez e Martha Liliana Chacón, desenvolveram esta tecnologia para mostrar como fibras de plantas tratadas com nanopartículas que podem facilmente degradar corantes tóxicos.
Quem diria que a rústica fibra de sisal seria utilizada para descontaminar a água poluída pela indústria de tingimento?
Os pesquisadores colombianos provaram que seu material híbrido de baixo custo exibia propriedades catalíticas que degradaram completamente o corante em vez de absorvê-los pelas fibras. O estudo indicou que após oito ciclos, o Nanofique ainda conseguia retirar entre 97 a 99 por cento do corante, o que significa que o material pode ser reutilizado várias vezes sem perder sua atividade.
O Nanofique se assemelha a uma mecha de cabelo longo em tom castanho que é colocado dentro da água impura, gerando uma libertação de oxigênio, e depois de alguns minutos (10 a 30) remove 99% das cores e contaminantes. O Nanofique pretende ser uma solução para a indústria têxtil na redução dos custos operacionais e minimizar o seu enorme impacto ambiental. Esta tecnologia visa melhorar a qualidade das águas residuais despejadas nos rios e tem pedidos de patentes nos EUA, China e Europa. A união da alta tecnologia com fibras naturais são um dos exemplos da bioeconomia.
Vantagens da invenção
O efluentes de processos de tingimento têxtil contem corantes, mordentes, auxiliares e iões de metais pesados prejudiciais que são difíceis de remover utilizando tecnologias tradicionais de tratamento de águas residuais. A sua acumulação nos rios e lagoas contaminadas podem reduzir a permeabilidade da luz, impactando na fotossíntese e reduzindo o oxigênio na água, prejudicando o meio ambiente e à saúde humana.
Os tratamentos convencionais para remover os contaminantes têm vários inconvenientes como grande consumo de reagentes, produção de quantidades excessivas de lama, tempo de tratamento prolongado, baixa eficiência de remoção e um custo elevado. Outras tecnologias de águas residuais, tais como filtração por membrana ou carvão ativado melhoraram a eficiência de remoção sobre os métodos tradicionais, mas podem gerar lama concentrada ou são muito caros.
Em contraste, o Nanofique exibe capacidades de degradação rápida e eficaz dos corante tóxicos com baixos custos de produção. A inovação do Nanofique permite remover quase inteiramente os compostos cancerígenos de água contaminada, o que representa um importante contributo para a saúde da vida marinha e das pessoas. Os pesquisadores estão atualmente trabalhando num centro de tratamento de água protótipo que possa ser montado nas fábricas têxteis.
Sustentabilidade
O objetivo é atingir o custo-benefício “do berço ao berço” da reciclagem de água no setor de vestuário, sem a produção de lamas nocivas. Isto irá reduzir a contaminação das águas superficiais, bem como deixar a água para outras necessidades vitais. A sustentabilidade e a redução da contaminação da água são de importância crescente para tecelagens, marcas de varejo, governos e comunidades locais. A Nanofique Ltd vai contribuir para a realização desses objetivos comuns.
Fonte: Oxford University Innovation