A empresa japonesa Jeplan, especialista em reciclagem de tecidos, desenvolveu um processo inovador chamado BRING Technology para reciclar quimicamente o poliéster de roupas pós-consumo. A nova tecnologia, que é diferente do atual processo de reciclagem mecânica de poliéster, garantirá matérias-primas para plásticos e têxteis com a mesma qualidade do poliéster virgem e de forma infinita.
O processo da Jeplan é um divisor de águas na reciclagem têxtil pois a maior parte da produção mundial de PET é para fibras sintéticas (acima de 60%), com a produção de garrafas representando cerca de 30% da demanda global. É uma tecnologia para fabricar fibras de poliéster a partir de roupas de poliéster descartadas e garrafas PET a partir de garrafas PET descartadas.
“A indústria da moda é uma das indústrias mais poluentes do mundo, e a expansão do fast fashion não seria possível sem o uso crescente de poliéster, que é relativamente barato e facilmente disponível e agora é usado em 60% das roupas do mundo”
Masaki Takao
Co-Fundador e CEO, JEPLAN
Tecido de poliéster reciclado e o dilema da garrafa de plástico
As emissões de CO2 na produção de poliéster para têxteis são quase três vezes maiores que as do algodão. Masaki Takao acredita que a reciclagem de poliéster é fundamental para minimizar o desperdício de têxteis e as emissões de CO2. A empresa sonha em livrar o mundo do lixo têxtil reciclando roupas em milhares de lojas em todo o Japão. Agora, a Jeplan espera levar sua tecnologia a todo o mundo.
No Japão, as pessoas já estão familiarizados com as caixas de recolha de roupas ‘Bring’ da empresa, que agora estão em milhares de lojas. O Projeto BRING utiliza as roupas doadas pelos consumidores para criar novas roupas, graças ao seu processo de reciclagem química. Masaki Takao explica a tecnologia por trás do processo: “Despolimerizamos o poliéster no tecido usando etileno glicol e temos monômeros chamados BHET para purificá-lo, o que é uma tecnologia inovadora. Após a purificação do BHET, polimerizamos e produzimos pelotas de poliéster reciclado. Esse processo pode ser feito infinitamente”.
Além disso, o equipamento de reciclagem que implementa a tecnologia pode ser introduzido nas plantas de polimerização convencionais, permitindo que elas também funcionem como plantas de reciclagem de plástico. A BRING já trabalha com mais de 80 marcas, incluindo Muji, The North Face e Patagonia, onde roupas ‘pós-consumo’ são doadas para serem recicladas.
“Acreditamos firmemente que quanto mais pessoas se juntam ao BRING, mais nossa sociedade pode ser sustentável”, diz Takao. “Os produtos continuarão circulando e nunca terminarão em aterros sanitários e incineração.” A empresa também trabalhou com o McDonald’s no Japão, onde reciclou os brinquedos Happy Meal da empresa em novas bandejas para os restaurantes.
“Eventualmente, esperamos alcançar uma economia circular”, diz Takao. “Acreditamos que esse sistema contínuo, incluindo coleta, reciclagem, produção e venda, poderia liderar o caminho como um futuro modelo de negócios sustentável para a indústria da moda e, eventualmente, todas as outras indústrias”.
A JEPLAN está planejando estabelecer fábricas de reciclagem na França, Taiwan e EUA: “Queremos que nossa empresa se torne global e tenha impacto não apenas no Japão, mas também nos EUA, Europa e Ásia”, diz Takao. “Se pudermos expandir nossos negócios e mudar a cadeia de suprimentos da moda, acreditamos que podemos reduzir a dependência do petróleo na indústria da moda”.