A população mundial está aumentando e muitas pessoas estão melhorando seu padrão de vida, o que também resulta em um aumento do consumo de produtos. À medida que a procura por tecidos e roupas cresce, aumenta-se também o consumo de algodão e fibras de petróleo que exigem muita água, energia e produtos químicos para ser produzidos. É urgente encontrar alternativas mais sustentáveis para fabricar roupas e tecidos, por isso, os fios de papel feitos da fibra do abacá (um tipo de bananeira) e celulose de madeira, estão surgindo como um futuro possível para a indústria da moda.
Há muitas vantagens em utilizar o papel como matéria-prima para a produção de fios pois ele é um material renovável e biodegradável feito de celulose. Mas a demanda por papel está diminuindo porque muitas pessoas atualmente leem as notícias e pagam suas contas na Internet, criando um excesso de capacidade na indústria de celulose e papel. Esta indústria está à procura de novas oportunidades de negócios e a solução seria a produção de fios feitos de papel por ser mais sustentável que o algodão e fibras sintéticas de petróleo, sendo utilizado para fabricar tecidos para moda e decoração de forma industrial ou artesanal.
O processo de fabricação do fio de papel não utiliza substâncias perigosas e pode ser reciclados biologicamente. Nas Filipinas e Equador, o fio de papel é obtido do abacá ou cânhamo de Manila que é cultivado, colhido e enviado para o Japão e Coreia do Sul, onde o papel é produzido. Há séculos no Japão existe um tecido chamado “Shifu” que é feito de Washi, um papel japonês feito da casca interna do Kozo ou Mitsumata e Gampi, misturado com seda ou algodão. As pessoas utilizavam o Shifu para fazer suas roupas. A empresa japonesa Oji Fiber Company se inspirou neste fio sustentável que costumava ser caro e difícil de produzir em massa para cria o fio de papel OJO +.
A Oji Fiber criou sistema de produção em massa unindo a tecnologia de ponta e tradicional, transformando as fibras do abacá em fios de papel muito finos e baratos em seu inovador processo de fabricação de fios. Os fios de papel OJO + são feitos de fibra natural, são fortes, finos e homogêneos, porque são cortados a partir de 1,2 a 6 milímetros de largura para em seguida serem torcidos em fios. Como a fibra do abacá é relativamente longa em comparação com a fibra de madeira, a planta é apropriada para o material de Ojo + cujo fio é adequado para ser combinado com outras fibras e poderia ser aplicado a vários campos, como vestuário, decoração de interiores.
Roupas feitas com fios de papel são uma antiga tradição no Japão mas agora no século XXI este fio de papel natural e sustentável está no centro das atenções novamente. Como o processo de fabricação de fios de papel é definitivamente diferente do fio de fiação convencional ou fio de filamento, deve ser chamado de “a Terceira forma de fabricação de fibra”. Os produtos feitos de materiais biodegradáveis estão agora se tornando comuns e o OJO + pode ser decomposto no solo quando descartado.
O fluxograma da produção têxtil do fio de papel OJO +
Produção e consumo sustentáveis na indústria da moda tornou-se um fenômeno global e a adoção de fibras naturais tem a vantagem de serem renováveis e biodegradáveis. Além do Japão, outras empresas têxteis coreanas e instituições de investigação têxtil como o Instituto Coreano para a Indústria da Malha, lideraram o desenvolvimento do fio Hanji, um fio feito de fibras celulósicas da casca da amoreira utilizando processos de fabricação adaptados dos métodos tradicionais de produção do papel coreano.
O tecido Hanji não é 100% feito de papel Hanji, pois pode ser misturado com outras fibras, como algodão, linho, cânhamo, seda e Tencel. Os tecidos Hanji são laváveis, mais duráveis e matem a forma melhor do que outros tecidos.
Eles também suprimem a proliferação de bactérias e fungos nocivos e evitam os maus odores da transpiração. Entre outras propriedades, os tecidos Hanji são extremamente leves e pesam metade do peso do tecido de algodão. Por último, mas não menos importante, eles também são biodegradáveis. Em suma, os tecidos Hanji são leves, benéficos para o corpo e amigáveis ao meio ambiente.
As matérias-primas únicas e os novos processos de produção utilizados para produzir os fios Hanji, resultaram em um produto têxtil que pode aumentar a estética e funcionalidade do vestuário e outras categorias de produtos. Os tecidos criados a partir do fio Hanji foram utilizados por várias empresas de vestuário, especificamente no mercado de roupas de trabalho. O sucesso do fio Hanji dentro da indústria de vestuário e têxtil é um excelente exemplo de integração de materiais e tecnologia sustentável para promover a moda verde no mercado global. Veja o desfile com roupas feitas com o fio Hanji.
Até o karategi, o uniforme de treinamento de caratê, podem ser feitos com o fio Hanji na Coreia do Sul, mostrando que apesar de ser feito de papel, o tecido é extremamente resistente e pode ser lavado na máquina como qualquer outro tecido. O vídeo mostra como é fabricado o fio de papel do uniforme.
O papel “Hanji” foi inventado há cerca de 1.600 anos na Coréia utilizando a casca interior flexível da amoreira. O papel é cortado em tiras muito finas que são torcidas para fazer o fio de papel de amoreira que é então usado para fazer o tecido e até mesmo jeans, foi o que a marca coreana TROA fez.
Testes científicos descobriram que o papel Hanji feito por métodos tradicionais com a casca da amoreira cultivada na Coréia, tem uma melhor resistência ao rasgamento, resistência à tração, isolamento térmico, isolamento acústico, absorção de água e permeabilidade ao ar do que o Washi (papel japonês tradicional) e Xuanzhi (papel chinês tradicional), bem como papel típico ocidental. O Hanji também tem as melhores propriedades em termos da direção das fibras e da propagação da tinta.
O vídeo da campanha mostra o passo a passo da fabricação do jeans TROA unindo a técnica artesanal de fabricar papel com a alta tecnologia da fiação têxtil. Esse é o processo mais exclusivo de se fabricar denim. Veja neste vídeo como é feito todo processo artesanal de fabricação do papel Hanji na Coreia do Sul.
As preocupações ambientais desempenham um papel central na fabricação dos produtos de fio de papel da Woodnotes, que vão desde elegantes cortinas a lenços, tapetes, cestos e móveis. Fundada em 1987 pela designer têxtil finlandesa Ritva Puotila e seu filho Mikko, a Woodnotes une tecnologias avançadas com artesanato para desenvolver o fio, que é feito a partir de papel kraft durável que é biodegradável e pode ser reciclável. Os tecidos com fio de papel fabricados em tear industrial são utilizados para revestimento de móveis, tapetes, almofadas, cestos entre outros produtos.
Devido à densidade das fibras, o fio de papel não absorve poeira ou sujeira. O papel branco é produzido sem o uso de gás cloro, e os corantes usados para colorir o fio não contêm metais pesados. A pureza e a simplicidade dos materiais e desenhos refletem a estética do design finlandês. Já o papel tricotado à mão pode ser usado para revestimentos de janelas ou divisórias de espaço, bem como tecidos de cama e mesa. O vídeo mostra um dos tecidos de papel da Woodnotes que recobre uma cadeira.
A Woodnotes é a primeira empresa no mundo a utilizar fios de papel de uma forma contemporânea em tecidos funcionais. Ritva Puotila queria usar fios de papel por causa de suas propriedades e características únicas e não como um substituto para outros materiais. A coleção Woodnotes, que se expandiu ao longo dos anos a partir de tapetes feitos de fios de papel a um conceito mais abrangente que é aumentado a cada ano com novos produtos.
Atualmente, a empresa exporta 70% da sua produção para mais de 40 países. Os produtos da Woodnotes ganharam inúmeros prêmios internacionais e são vendidos nas lojas mais sofisticados de design e design de interiores do mundo. O fio de papel tem um grande potencial para a moda e design não só pela sua sustentabilidade e beleza mas também pela sua sofisticação, qualidade, durabilidade e leveza.