Os estilistas indianos estão ajudando a reviver a tradição secular dos têxteis artesanais, tornando-os globais. O Conselho de Design de Moda da Índia (FDCI) está incentivando os designers a reviver a indústria de teares manuais do país, incorporando tecidos artesanais à moda casual e alta costura.

Trabalhando com tecidos que variam de sedas do leste da Índia a tecidos de algodão entrelaçados em rodas giratórias manuais, os designers indianos famosos como Rohit Bal, Shruti Sancheti e Rina Dhaka, exibiram suas coleções de teares manuais na Amazon India Fashion Week. O estilista indiano Gautam Gupta diz que, embora haja uma crescente conscientização e demanda por tecidos artesanais, os designers têm um papel importante a desempenhar na popularização da indústria de tear indiana.

Os estilistas indianos que apresentaram suas coleções na Amazon India Fashion Week utilizaram os tecidos feitos artesanalmente pelos tecelões da The Handloom School.

Atualmente, a Índia produz a maioria dos tecidos tecidos à mão do mundo, e a indústria indiana de teares manuais é o segundo maior empregador na Índia rural depois da agricultura, segundo a Indian Brand Equity Foundation (IBEF). Segundo o IBEF, em 2018-19, a Índia exportou cerca de US$ 400 milhões em produtos de teares manuais. Os principais compradores de produtos para teares manuais indianos foram os EUA, o Reino Unido e os Emirados Árabes Unidos.

A estilista Paromita Banerjee cria coleções contemporâneas com tecidos feitos em teares manuais por artesãos indianos, visando assim conscientizar suas clientes  de como suas roupas passam por muitas mãos antes de finalmente chegar a elas. Banerjee utiliza tecidos de algodão e seda texturizados produzidos por mulheres tecelãs na cidade de Madhya Pradesh, cujo tingimento é feito totalmente com corantes naturais sem poluir o meio ambiente. Em todas suas coleções, a estilista trabalha apenas com tecidos feitos em teares manuais para manter viva a milenar tradição indiana dos tecidos feitos e tingidos à mão.

Trabalhar com teares manuais é um processo lento e trabalhoso pois sua coleção de tecidos leva de seis até oito meses para ficarem prontos. Banerjee acredita que as marcas de moda que se dizem “sustentáveis” estão em dívida com os artesãos pois muitas delas procuram os artesãos somente quando lhes convém, e não se preocupam em fazer um trabalho contínuo com eles. Para ela o tear manual não é uma “tendência” passageira mas um diferencial que deve fazer parte do DNA da marca, ainda mais para quem trabalhar com moda slow fashion.

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Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

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