Segundo a Unicef, cerca de 170 milhões de crianças no mundo são forçadas a trabalhar. Como a indústria de fabricação de vestuário necessita de grande quantidade de mão-de-obra, e a maior parte é pouco qualificada, o trabalho infantil é particularmente comum nesse setor, principalmente em países pobres da Ásia e África. Em pleno século XXI, a escravidão infantil está longe de acabar.


No sul da Índia, por exemplo, 250 mil meninas trabalham sob o esquema de Sumangali, uma prática que envolve o envio de jovens de famílias pobres do interior para trabalhar em fábricas têxteis por três ou cinco anos em troca de um salário básico e um pagamento fixo no final, para pagar por seu dote. As meninas estão sobrecarregadas e vivem em condições pavorosas que podem ser classificadas como escravidão moderna.

Uma nova pesquisa do Committee on the Netherlands (ICN) mostra que várias formas de escravidão moderna, incluindo a escravidão infantil, são encontradas em mais de 90% das fiações no sul da Índia. Essas fiações produzem fios para fábricas de vestuário na Índia, Bangladesh e China que produzem para o mercado ocidental.

O relatório “Fabric of Slavery” expõe a escala em que jovens e mulheres são escravizadas por empregadores que retêm seus salários ou os prendem em albergues controlados pela empresa. Eles trabalham longas horas, enfrentam assédio sexual e nem ganham o salário mínimo. Gerard Oonk, diretor do ICN: “Levantamos a questão há cinco anos, mas até para nós a dimensão desse problema foi um choque”.

Apesar dos esforços para conter a escravidão infantil nas fiações da Índia, a prática continua e 60% das vítimas são dalits, que na cultura de castas indiana são conhecidos como “intocáveis”.  A maioria das mulheres que trabalha nessas fábricas tem entre 14 e 18 anos e 10 a 20% são ainda mais jovens. Quase metade das usinas pesquisadas tem o chamado “esquema Sumangali” em que uma parte significativa do salário do trabalhador é retida até que tenha concluído o contrato. Veja mais aqui.

Muitos casos de trabalho forçado também foram relatados ao longo da cadeia de fornecimento da indústria da moda.  O exemplo mais infame ocorre no Uzbequistão , um dos maiores exportadores de algodão do mundo. Todo outono, o governo força mais de um milhão de pessoas a deixar seus empregos e ir colher algodão. As crianças também são mobilizadas e tiradas da escola para colher algodão.

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Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

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