Roupas sintéticas são tipicamente associadas a uma maior dificuldade do corpo respirar, o que significa que elas são mais quentes. Mas não serão mais no futuro, caso se concretize um projeto de pesquisadores do MIT, nos EUA.
Além de usar sacolas plásticas usadas como matéria-prima, Matteo Alberghini e seus colegas desenvolveram uma técnica que promete roupas plásticas mais refrescantes do que outros tecidos porque o tecido de plástico força o calor a escapar através de suas fibras, ao invés de mantê-lo aprisionado, como acontece com as roupas sintéticas tradicionais.
O polietileno das sacolas descartadas foi transformado em fibras e fios projetados para dissipar a umidade. Esses fios foram usados para tecer tecidos que se mostraram leves e sedosos, com uma elevada capacidade para absorver e evaporar a água, mais rapidamente do que os tecidos comuns, como algodão, náilon e poliéster.
A equipe também calculou a pegada ecológica que o polietileno teria se fosse produzido e usado como tecido, contrariando a maioria das suposições, eles estimam que os tecidos de polietileno podem ter um impacto ambiental menor ao longo de seu ciclo de vida do que os tecidos de algodão e náilon.
Tecidos de polietileno
A molécula de polietileno tem uma espinha dorsal de átomos de carbono, cada um deles ligado a um átomo de hidrogênio. Essa estrutura simples e repetitiva forma uma arquitetura semelhante ao Teflon, que resiste à aderência da água e outras moléculas, o material é hidrofóbico.
A equipe começou com o polietileno em sua forma de pó bruto e usou equipamentos de manufatura têxtil padrão para derreter e extrudar o material em fibras finas. Surpreendentemente, eles descobriram que esse processo de extrusão oxida levemente o polietileno, alterando a energia da superfície da fibra de modo que o material se torna fracamente hidrofílico, capaz de atrair moléculas de água para sua superfície.
Quando esses fios foram tecidos juntos para formar fibras, os espaços entre os fios formaram capilares, por meio dos quais as moléculas de água podem ser absorvidas passivamente conforme são atraídas para a superfície da fibra. Para otimizar essa capacidade inesperada de drenagem, os pesquisadores modelaram as propriedades das fibras e descobriram que as fibras de um determinado diâmetro, alinhadas em direções específicas ao longo do fio, melhoram a capacidade de absorção de água – suor, neste caso.
Renovável e não suja
Os tecidos construídos com as fibras de polietileno drenaram e evaporaram a água mais rápido do que todos os outros tecidos testados. O polietileno perdeu parte de sua capacidade de atrair água com umedecimento repetido, mas, simplesmente aplicando um pouco de fricção ou expondo-o à luz ultravioleta, o material volta a se tornar hidrofílico novamente.
“Você pode renovar o material esfregando-o contra ele mesmo e, dessa forma, ele mantém sua capacidade de absorção. Ele pode contínua e passivamente bombear a umidade,” disse a professora Svetlana Boriskina. Lavar essas futuras roupas também não será grande problema: “Ele não fica sujo porque nada gruda nele. Você poderia lavar o polietileno no ciclo frio por 10 minutos, em vez de lavar algodão no ciclo quente por uma hora,” disse Boriskina.
A equipe já está trabalhando no desenvolvimento de roupas para atletas com seus tecidos de polietileno reciclado, mas também afirma que ele poderá ser útil em uma próxima geração de roupas espaciais, já que o polietileno funciona como um escudo contra a radiação de raios X do espaço.