A reciclagem de fluxo único de lixo é algo muito complicado. As pessoas jogam itens imprevisíveis, como mangueiras de jardim e bicicletas inteiras no lixo. Certos metais são fáceis de extrair mas não é assim com plástico e papel combinados com resíduos orgânicos. Separar materiais tão diferentes no lixo doméstico é trabalhoso e demorado, o que acaba encarecendo o processo de reciclagem. No entanto, uma empresa israelense chamada UBQ Materials parece ter resolvido o problema.
Em suas instalações no deserto de Negev em Israel, entram caminhões de lixo doméstico não classificado. Metais e vidro são separados e reciclados, como é comum em uma instalação como esta. O que é incomum é que todo o resto, plástico, papel, desperdício de alimentos, é tudo transformado num maravilhoso material totalmente novo chamado UBQ.
“No UBQ, nada é desperdiçado“, disse Jack Bigio, CEO do UBQ. Ainda mais impressionante: “Não há água no processo, por isso é realmente eficiente em termos de ambiente”.
Qual é a “mágica” por trás disso? O especialista em biotecnologia Oded Shoseyov, professor da Universidade Hebraica, diz que a fusão de plásticos e resíduos cria uma substância homogênea fortalecida pelas fibras dos ingredientes orgânicos. Em poucas palavras, o lixo não tratado é triturado e moído em confete, que depois é derretido e reconstituído como fios termoplásticos.
Esses fios são cortados em pellets que podem ser vendidos, lucrativamente, para empresas manufatureiras. Isso ocorre porque as empresas de manufatura podem despejar os pellets numa tremonha (utensílio de moinho em forma de pirâmide invertida), da mesma forma que os pellets de plástico comum, e moldar por injeção.
Em outras palavras, você tem plástico novo sem precisar produzi-lo a partir de petróleo. E pode ser reciclado várias vezes. A UBQ diz que seu material não se decompõe e pode ter mais de meia dúzia de vidas, ao contrário da maioria dos plásticos, que podem ser reciclados apenas uma ou duas vezes porque se degradam. A pesquisa mostrou que aditivos também podem ser misturados para fornecer retardador de chama ou proteção UV.
O material se assemelha ao plástico, embora também possa ser “ajustado” para se parecer com madeira e tijolo. A UBQ já está vendendo seu produto a uma empresa que o utiliza para fabricar lixeiras. Para produzir pellets de cor consistente, a seleção de cores na verdade começa antes da produção do macarrão termoplástico, que é produzido nas cores desejadas. A gigante automobilística Daimler, proprietária da Mercedes-Benz, pretende utilizar a tecnologia israelense de produzir plástico do lixo, no interior de seus carros.
A fantástica tecnologia UBQ é uma solução extraordinária para o gerenciamento de resíduos que cria uma fonte regenerativa de matérias-primas para suprir a crescente demanda global de materiais. A empresa está fechando o ciclo da eliminação insustentável de resíduos, fornecendo o caminho para uma economia verdadeiramente circular.
O processo UBQ é:
– Patenteado em todo o mundo
– Circuito fechado
– Bom para o ambiente
– Eficiência energética
– Zero resíduo residual
– Zero emissão
– Zero consumo de água
Essas vantagens resultam em um processo facilmente escalável que a empresa pretende expandir globalmente. O Brasil e o mundo precisam implementar essa tecnologia urgentemente, pois a quantidade de lixo doméstico produzido anualmente é gigantesca. 90% dos resíduos são desperdiçados indo parar nos aterros sanitários. Por que não transformar milhares de toneladas de lixo nesse novo material plástico que não é feito de petróleo e pode ser reciclado várias vezes? Agora é possível!