Todos os anos, à medida que as temperaturas caem, o debate sobre peles reaparece no mundinho fashion. Este ano, marcas como Michael Kors, Coach, Versace, Diane von Furstenberg e Maison Martin Margiela, se comprometeram a proibir peles reais em futuras coleções. Mas os peleiros estão tentando atingir os fashionistas onde dói: a sustentabilidade. “Pele verdadeira é mais verde! É um recurso renovável! É biodegradável!” Mas para evitar que a pele apodreça depois de retirada dos animais, os peleiros a tratam com produtos químicos como o cromo hexavalente e o formaldeído, que são altamente tóxicos.

De fato, peles artificiais não são biodegradáveis. São feitas de materiais químicos derivados de petróleo que duram séculos para desaparecer se forem parar no meio ambiente, mas também liberam microplásticos quando lavados, contaminado nossa cadeia alimentar. Assim, as peles sintéticas dificilmente são amigas do meio ambiente. A empresa chinesa Ecopel é líder na fabricação de peles artificiais e principal fornecedora de pelas sintéticas para grifes de moda. Recentemente a empresa apresentou sua primeira linha de peles falsas feitas de plástico reciclado.

Por meio de um sistema de coleta internalizado nas fábricas da empresa na Ásia, a empresa agora pode dar vida nova a garrafas plásticas usadas, em vez de serem despejadas em aterros sanitários ou oceanos. A fibra regenerada desenvolvida a partir do processo é introduzida em um novo ciclo de produção de economia circular, onde ela se tornará… um casaco de pele sintético.

O material ainda está nos estágios iniciais de desenvolvimento e a Ecopel ainda está trabalhando para aumentar a gama de texturas e cores que serão oferecidas. “Como a fibra é mais complexa para criar, a técnica é bastante desafiadora”, diz o gerente de comunicações da Ecopel, Arnaud Brunois. “Mas acreditamos que esta nova pele será uma nova adição muito excitante para a indústria da moda, de acordo com o que as novas gerações querem.”

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Embora produzir peles falsas com garrafas PET descartadas seja algo louvável no ponto de vista da economia circular, essas peles de poliéster reciclado não se biodegradam e continuam a soltar microfibras no meio ambiente. E como seria o processo de reciclagem dos casacos feitos com peles sintéticas? As grifes de moda que aderiram aos apelos do PETA para substituir as pelas de animais por peles de plástico, disseram que fizeram essa mudança para serem mais “éticas e sustentáveis”.

Na verdade fizeram isso por puro lucro pois as peles sintéticas custam menos do que as peles verdadeiras. A fibra de poliéster é mais barata que a natural, e as peles sintéticas são produzidas em rolos, sendo mais bem aproveitadas no corte e confecção do que as peles de verdade. As grifes querem lucrar muito vendendo roupas caríssimas feitas com peles sintéticas baratas, e utilizam o falso discurso que estão “cuidando do planeta”.

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Cerca de 63% do polímero plástico de poli tereftalato de etila/PET é para fabricar fibras têxteis, e atualmente, o PET domina mais de 55% do consumo mundial de fibras têxteis. Um novo estudo compara a biodegradabilidade da pele natural com a da pele artificial. Foi conduzido pelos Sistemas de Resíduos Orgânicos de Ghent, na Bélgica; encomendado pela International Fur Federation e pela Fur Europe Industrial Association, e publicado em 2018. Mas a pele de animal e a pele de plástico não poderiam ser substituídas por uma pele feita de plantas?

A empresa ucraniana DevoHome, fabricante de tecidos á base de fibra de cânhamo industrial, desenvolveu um inovador pelo de cânhamo como alternativa natural e vegana ao pelo verdadeiro e pelo sintético à base de petróleo. O material é feito de 50% de cânhamo e 50% de viscose. O pelo de cânhamo é 100% biodegradável e 100% de origem vegetal. Mas por enquanto, o visual do material não é tão bonito e sofisticado a ponto de agradar as grifes de moda. Talvez com mais desenvolvimento, a pele de cânhamo/viscose poderá ser um concorrente mais ético e sustentável do que as peles atuais.

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Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

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