O designer mexicano Fernando Laposse encontrou uma maneira inovadora de criar um revestimento de superfície que ele chama de Totomoxtle, que usa palha de milho nativa. Para criar o folhado Totomoxtle, Fernando cuidadosamente corta e separa as cascas da espiga, que depois são passadas a ferro e coladas num fundo feito com papel ou tecido.
As cascas, que são naturalmente coloridas, estão prontas para serem cortadas em pequenas peças (a laser ou com “facas” tradicionais) que são finalmente remontadas numa espécie de marchetaria que pode ser usada em móveis, objetos ou revestimento de paredes internas. E o que sobra das cascas é usado para fazer adubo – ou seja, nada se perde. Além de criar um novo material sustentável, o projeto também aumenta a conscientização sobre a rápida perda das espécies originais de milho no mundo globalizado de hoje.
O milho foi plantado no México há 9000 anos e agora o país tem mais de 60 espécies diferentes, cada uma com seu maravilhoso sabor, cor e textura. Portanto, o processo de usar as cascas de milho dessa maneira oferece uma ampla paleta de materiais de cores naturais. A produção do Totomoxtle é feita localmente, pelas mulheres dos agricultores, que podem trabalhar em casa e assim também cuidar de seus filhos. Os agricultores indígenas viram seu modo de vida ameaçado pela introdução de milho geneticamente modificado e pela padronização de vegetais para consumo em supermercados.
O projeto não apenas desenvolve a diversidade de culturas, mas cria emprego local com base nesse novo produto para garantir que os agricultores possam continuar plantando suas variedades de milho orgânico. Segundo Fernando Laposse:
“O Totomoxtle se inspira na relação do meu país com o milho. Ele se concentra nas pessoas que estão lutando para colhê-lo com métodos tradicionais em um mundo globalizado … este projeto visa gerar mais renda para os agricultores, produzindo um produto secundário barato, o laminado, a partir de cascas que, de outra forma, seriam desperdiçadas. Isso os ajudará a ter independência financeira para continuar plantando sementes nativas e decidir como querem se alimentar”.