O tingimento têxtil é o segundo maior poluidor de água limpa na Terra, e a indústria têxtil descarta até 200 mil toneladas de corantes sintéticos a cada ano nos rios durante as operações de tingimento. Essas milhares de toneladas de corantes contaminam milhões de galões de águas com corantes a cada dia, mas apenas uma pequena proporção destes resíduos são reciclados. Isto significa, que estamos poluído bilhões de litros de água com corantes em um ano. Esse enorme desperdício de água foi causado principalmente pela indústria do fast fashion.

A água poluída por corantes matam peixes e outros organismos aquáticos, e os produtos químicos tóxicos dos corantes também podem se infiltrar no solo e contaminar as reservas de água potável subterrâneas. Os corantes sintéticos prejudicam aos trabalhadores por causa de seus efeitos tóxicos, danificam o meio ambiente devido à poluição e também prejudicam a saúde humana como efeitos alérgicos. Seriam os corantes naturais a solução?

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Apesar dos corantes naturais poluírem bem menos, eles são caros, tem menos variedade de cores e não são econômicos para a fabricação em larga escala, já os corantes sintéticos por outro lado, fazem mais sentido econômico por terem um preço mais competitivo e uma infinidade de cores disponíveis, mas causam um enorme transtorno ambiental.

As tinturarias dos países asiáticos tem que tingir toneladas de roupas anualmente para as grandes redes de fast fashion, assim os produtos químicos não tratados são descarregados diretamente nos rios, aumentando os seus níveis de poluição. Onde está afinal a resposta para tal cenário catastrófico?

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Descoberto pelo químico inglês William Henry Perkins, a mauveína (conhecida como anilina púrpura e malva) é o primeiro corante sintético artificial feito pelo homem que transformou a indústria têxtil. Os corantes sintéticos permitiram aos fabricantes e tinturarias, oferecerem uma grande variedade de cores por um custo mais econômico, e isso lhes permitiu ampliar suas operações. Quanto aos consumidores foi uma dádiva pois essas cores não perderiam sua pigmentação, eram mais baratas e as opções oferecidas pela paleta de cores era quase ilimitadas.

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Os corantes naturais, por outro lado, tem uma herança mais romântica. O Indigo é um corante natural comum, e suas raízes podem ser rastreadas até uma das mais antigas civilizações do mundo que é a civilização do vale do rio Indo na Índia. O uso dos corantes naturais em algodão foi o presente que a Índia deu ao mundo.

A marca de moda sustentável Industry of All Nations da Índia, faz um incrível trabalho unindo a natureza, a tradição cultural e o artesanato indiano na produção de tecidos feitos de algodão orgânico, tingidos com corantes naturais. Em colaboração com uma comunidade de artesãos indianos que aperfeiçoaram essa milenar técnica, a empresa lançou a primeira coleção de denim selvedge naturalmente tingidos do mundo a partir de denim 100% orgânico.

E os botões e rebites são livres de níquel. Um luxo! Processo de tingimento com corantes naturais nas camisas feitas de algodão orgânico da Industry of All Nations.

Mas o problema dos corantes naturais é que eles são muito mais limitados do que os sintéticos. A cor de qualquer corante natural pode ser facilmente copiada através da mistura de corantes sintéticos, mas o inverso não é verdadeiro: muitas cores não são facilmente obtidas com corantes naturais. A não-reprodução de alguns tons é um inconveniente na produção comercial além de precisarem de mordentes (que incluem sais de metais pesados) para manter a cor no tecido. A cor também costuma desbotar ao longo do tempo, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade do tecido.

A variabilidade da cor torna o uso de corantes naturais difíceis em qualquer situação onde a replicabilidade da fabricação da cor é importante. O uso de corantes naturais também tornam os tecidos mais caros, pois necessitam de mais terras para o plantio e de matérias-primas para obter a mesma intensidade de cor que pode ser obtida a partir de um corante sintético. Além disso eles não são próprios para o tingimento de fibras sintéticas, ao contrário do algodão que é tecido mais fácil para os corantes naturais aderirem.

Talvez os corantes naturais não sejam a resposta para o consumo de massa do fast fashion, mas podem servir para produtos de luxo ou marcas de moda slow fashion. Dada a complexidade da criação dos corantes naturais e os recursos necessários, como água e terra para anteder os vastos mercados comerciais em todo o mundo, não é possível usar apenas corantes naturais.

A resposta para esse dilema estaria em criar um híbrido entre natural e sintético. Teremos de encontrar formas de utilizar e aumentar a natureza, criando corantes híbridos geneticamente modificados ou corantes sintéticos a partir de matérias-primas naturais. Mas o melhor mesmo seria diminuir o consumo de roupas e consequentemente a quantidade de tecidos produzidos, pois consumir menos é a única maneira de fazer um impacto positivo a longo prazo.

Além dos corantes, existem outros processos de tingimento sem água que poderiam limpar a indústria da moda como descreveu tão bem o texto da jornalista e fotógrafa Lydia Heida para o Yale Environment 360.

Encontrei uma empresa no youtube chamada CORREM que desenvolveu uma nova tecnologia de tingimento industrial utilizando somente corantes naturais. Eles inventaram um aglutinante especial natural que é patenteado para tingir de forma fácil a fibra do algodão com os pigmentos naturais do corante. Pelo que está nos vídeos é algo bem interessante pois utiliza matérias primas naturais para tingir tecidos em escala industrial sem produtos químicos perigosos e sem poluição.

Como são corantes naturais, as cores são limitadas em: marrom, dourado, laranja, cinza, azul, verde, rosa e fúcsia. A empresa obteve o certificado internaciona da Global Organic Textile Standard (GOTS) para produtos sustentáveis. Essa nova tecnologia de tingimento com corantes naturais poderia ser um novo recurso para as tecelagens de malharia, tecido plano e denim.

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Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

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