China aposta no cânhamo como uma alternativa sustentável ao algodão

A província de Heilongjiang, na China, intensifica seus esforços de pesquisa e desenvolvimento para tornar a fibra do cânhamo numa alternativa sustentável ao algodão. Além de fibras têxteis, a planta tem diversos usos industriais e a receita obtida por hectare de cultivo de cânhamo é maior do que o algodão e outros produtos agrícolas.

A província chinesa está avaliando sua cadeia de produção de cânhamo e propondo uma produção dessa cultura em larga escala por ser mais sustentável e produtiva, e ao contrário do algodão, não requer tanto uso de pesticidas e água. Desde o início desta iniciativa, a província aumentou sua colheita de cânhamo de 1.012 hectares para mais de 29.947 hectares em 2017. Se a cultura do cânhamo continuar, a província irá cultivar cerca de 69.300 hectares em 2019.

Internacionalmente, a China é o maior produtor de produtos de cânhamo, seguido pela Europa, Canadá e EUA. De acordo com um relatório do Brightfield Group, uma empresa de análises com sede na Flórida, espera-se que se torne uma indústria bilionária até 2020 apenas nos EUA. O caule da planta de cânhamo é usado para fazer têxteis, cordas, roupas, sapatos, estofados, compósitos, embalagens e as sementes de cânhamo podem ser usados ​​para fazer óleo, farinha, ração animal e biocombustível.

Com o cânhamo, a China também poderia tornar sua indústria têxtil mais sustentável e minimizar o uso de recursos. Um amplo programa de pesquisa iniciado por universidades da província de Heilongjiang e grupos de pesquisa do Canadá e da Ucrânia, está atualmente explorando como a área pode produzir fibras de cânhamo de ótima qualidade para que a fibra possa ser processada sozinha ou em conjunto com outras fibras, utilizando o mesmo maquinário de fiação de algodão.

Os tecidos de cânhamo também seriam tecidos de alta qualidade, permitindo à China competir com outros grandes produtores mundiais de têxteis. O cultivo do cânhamo é consideravelmente mais ecológico do que o cultivo de algodão, uma vez que prospera em climas moderados, como no nordeste da China, onde não é necessária irrigação artificial. O cânhamo não requer muita atenção, nenhuma ou quantidades muito pequenas de pesticidas, é ideal para esquemas de rotação de culturas, pode ser colhido três vezes ao ano e fornece o dobro do rendimento de fibra que o algodão.

O cânhamo absorve duas vezes a quantidade de dióxido de carbono (CO2) por hectare comparado ao algodão, possui uma pegada de CO2 muito pequena e, além das fibras, também fornece ácidos graxos e proteínas de alta qualidade para alimentos e produtos farmacêuticos. O cânhamo pode se tornar um “recurso estratégico” para a China. A planta é atraente para a indústria têxtil chinesa, pois o país enfrenta forte pressão de países de baixos salários da Ásia.

Os tecidos feitos de cânhamo tem pouca concorrência comparado ao algodão. As fibras de cânhamo têm uma estrutura tridimensional complexa, características de absorção de umidade muito boas, efeito antibacteriano, boa proteção UV e permitem que os têxteis sequem rapidamente. A Índia também quer se tornar uma grande produtora de cânhamo, pois a planta poderia ser cultivada em regiões áridas e semi-áridas no Sul do país, onde a crise agrária é predominante.

Os suicídios de fazendeiros são uma questão complicada na Índia. Os estados do sul de Andhra Pradesh, Telangana, Karnataka e Tamil Nadu estão entre os dez primeiros em número de suicídios de agricultores. Nos últimos anos, os suicídios dos agricultores foram atribuídos ao cultivo de algodão geneticamente modificado. Saiba mais aqui. As imagens mostram fios e têxteis feitos da fibra de cânhamo na China.