O engenheiro mecânico Juliano Mazute e a designer de moda Raquel Souza, uniram seus talentos para lançar a Black Purpurin, marca de bolsas e acessórios feitos com impressão 3D. Fabricados com materiais recicláveis e sem origem animal, os produtos foram expostos na São Paulo Fashion Week em 2019, apenas poucos meses depois do lançamento da marca, no fim de 2018, e na feira de design e inovação Inspiramais.
Além de sócios, Juliano e Raquel tem um relacionamento. Em 2017, num fim de semana em que Juliano precisava trabalhar, Raquel o acompanhou ao escritório. E foi aí que deparou com um objeto desconhecido. Ela perguntou o que era e Juliano responder: “Uma impressora 3D”. Raquel perguntou: “E o que ela faz?” E ele: “O que você quiser”. Aí ela disse: “Então vou fazer bolsa”.
Decidida, ela levou a impressora para o apartamento de dois quartos que dividiam e aí, sim, trancou-se em casa. Primeiro, aprendeu com Juliano a usar o software de modelagem. Depois, encarou de frente a máquina, com a qual teve muitas “brigas”, lidando com limitações como o tipo de material e o tamanho da mesa de impressão. Até imprimir a primeira bolsa, foram seis meses de tentativa e erro.
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Em meados de 2018, ela e Juliano tinham uma “mini coleção” de nove peças (cada uma levava três dias para ser feita), que levaram à loja de amiga de Raquel para serem vendidas a 300 reais. O estoque se esgotou em poucos dias. E o casal decidiu então “se jogar” no negócio.
O passo seguinte foi encontrar maneiras de agilizar a produção. Compraram novas máquinas e viajaram em busca de matérias-primas melhores: a usada nos testes não era maleável e tinha poucas opções de cores. Investiram 110 mil reais do próprio bolso para contratar um designer e dois ajudantes, e transformaram o apartamento num ateliê. “Doamos todos os móveis e passamos a morar só em um dos quartos”, diz Raquel. Assim, o tempo de produção por bolsa caiu para seis horas. E a variedade de materiais permitiu a criação de 30 modelos.
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Os sócios precisaram decidir entre aumentar a produção para uma escala maior ou se posicionar como um produto de luxo, reduzindo a quantidade e apostando mais em qualidade e inovação. Assim, mudaram novamente a produção em busca de valorizar das peças. Trocaram os complementos feitos com materiais como tecidos por outros como pedrarias, e desenvolveram técnicas novas, como uma impressão que simulava um bordado.
Também apostaram em comunicação direta com jornalistas de moda para explicar as inovações e criar desejo em torno dos objetos. A Black Purpurin trabalha com butiques interessadas em revender as bolsas e expandiu a linha de acessórios, com colares, brincos, presilhas para o cabelo e máscaras faciais de impressão 3D.