Tida por muitos especialistas como a “economia do século XXI”, a bioeconomia estabelece um novo patamar de desenvolvimento sustentável com produtos feitos a partir de biomassa e outros materiais de base biológica, para enfrentar os desafios do mundo moderno, como escassez de água potável, produção sustentável de alimentos e de energia, mobilidade urbana, habitação e novos materiais renováveis. Se não podemos consumir menos, precisamos consumir melhor.
Os consumidores sempre irão querer comprar mais “coisas”, então precisamos repensar como essas “coisas” são produzidas, a energia que utiliza e como são descartadas, se quisermos migrar da atual economia linear para o modelo mais sustentável de produção e consumo da economia circular. Como os biomateriais se encaixam nesse cenário? Se os plásticos e produtos químicos nos produtos que consumimos são feitos de matérias-primas renováveis em vez de combustíveis fósseis, isso ajudaria a reduzir a nossa dependência do petróleo e gás.
Se as matérias-primas são renováveis e à base de plantas, poderíamos reduzir nossas emissões de carbono e começar a diminuir a poluição ambiental que causamos. Se a embalagem e os próprios produtos são biodegradáveis e sustentáveis, também poderíamos reduzir a quantidade de resíduos. A bio-revolução já está acontecendo com novos produtos químicos, materiais, alimentos, tecidos e plásticos feitos de base biológica, para substituir nossa dependência do petróleo.
O mundo precisa de uma nova abordagem de materiais renováveis para desenvolver e produzir novas embalagens, papeis, tecidos, alimentos, construção civil e biomateriais derivados da madeira. Com a tecnologia atual, qualquer coisa feita de materiais fósseis podem ser feitos de uma árvore. Você já pensou sobre o que uma árvore pode fazer? Assista ao vídeo da empresa sueca Stora Enso e descubra.
O Brasil, com sua biodiversidade e seu capital humano, tem todos os requisitos necessários para tornar-se uma referência mundial em bioeconomia. Nos dias 11, 12 e 13 de maio, a Marina da Glória receberá a sexta edição do Green Rio, evento reconhecido como plataforma para negócios sustentáveis. São esperados mais de 3.000 visitantes no evento, que estarão em contato com expositores do Brasil e do exterior.
Em 2017, o Green Rio terá como tema central o crescimento da bioeconomia. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), esse segmento movimenta no mercado mundial 2 trilhões de euros e gera cerca de 22 milhões de empregos.
A bioeconomia na moda
Em 2015, a estilista sueca Tuula Pöyhönen da marca Marimekko produziu uma mini coleção feita a partir de um processo revolucionário para fabricar fibra da celulose da madeira chamado Ioncell, criado através de uma parceria entre a empresa sueca Stora Enso, o Centro de Pesquisa Técnica VTT e da Universidade Aalto na Finlândia. A demanda por tecidos está aumentando devido ao crescimento da população e também pelo surgimento do fast fashion.
O crescimento da indústria têxtil causa desafios devido a grande quantidade de resíduos têxteis e desperdício de água. Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas 15% dos tecidos são reciclados e os 85% restantes, 11 milhões de toneladas de vestuário, acabam nos lixões. Esta situação não é exclusiva dos EUA pois o consumo de moda descartável na Europa e outros países seguem o mesmo caminho. 80% da produção mundial de tecidos utiliza fibras do algodão e poliéster, ambas as mais poluentes do mundo.
Os novos tecidos feitos com a tecnologia Ioncell, que utiliza líquido iônico para dissolver a polpa da madeira misturada com papel e tecido descartados, pode originar uma nova fibra de alta qualidade semelhante à viscose. Toda madeira é certificada oriunda de florestas renováveis particulares. A bioeconomia é uma grande parceira da moda sustentável.