Na década de 1990, a relação da moda com os robôs era coisa de fantasia. No desfile da coleção de Primavera/Verão de Alexander McQueen em 1999, dois braços robóticos picharam um vestido branco usado pela supermodelo Shalom Harlow. Hoje, a relação da moda com a automação está ficando muito mais prática com a criação de sistemas tecnológicos que diminuem ou eliminam a necessidade dos humanos executarem certas tarefas repetitivas e extenuantes, o que vai remodelar completamente essa indústria em poucos anos.
No gigantesco centro de distribuição automatizado da empresa Bru Textiles na Antuérpia, Bélgica, 120 mil rolos de tecidos são transportados por esteiras automatizadas e depois organizados em enormes estantes por robôs verticais controlados por software que rotineiramente navegam pelo enorme armazém fazendo a separação e transporte do estoque dos rolos de tecidos mais rápido e com mais precisão do que os humanos, permitindo que os tecidos produzidos principalmente na Índia, Bangladesh e África, possam ser distribuídos no mesmo dia. Todo sistema automatizado foi criado pela empresa italiana Automha. É simplesmente impressionante!
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A mesma coisa acontece nos centros de distribuição da gigante do e-commerce Yoox, empresa do Grupo Net-a-Porter e Amazon. Os sistemas de armazenamento e recuperação automatizados fornecem alta densidade de armazenamento, bem como a precisão e gerenciamento do estoque, para entregar aos clientes, os produtos comprados no site no mesmo dia.
Hoje, os robôs são essenciais para o funcionamento da maioria dos centros de distribuição, tornando o processo mais transparente e eficiente do que nunca com muito menos funcionários humanos. Mas não é apenas o trabalho manual que está sendo deslocado. Empregos como a previsão de tendências, que costumavam exigir que os profissionais viajassem pelo mundo para reunir informações sobre novos produtos, comportamentos e ideias, estão sendo remodelados por softwares inteligentes.
Muitos acreditam que os trabalhos criativos estão mais protegidos pela automatização, mas o design assistido por computador já mudou a maneira como os estilistas criam suas roupas e num futuro próximo, a inteligência artificial provavelmente fará alguns ou talvez todos os projeto para eles. Isso será possível graças a uma gigantesca biblioteca digital com todos os estilos e formas de roupas criadas até hoje e que poderão ser utilizados como referência pela inteligência artificial.
Da mesma forma que o design de moda, a fabricação de vestuário também pode ser automatizada. Embora as peças feitas à mão possam ser sempre vistas como de maior valor agregado, os “sewbots” ou máquinas de costura automatizadas, como os da empresa americana SoftWear Automation (video abaixo), poderão reduzir drasticamente a necessidade de trabalhadores de vestuário humano, com profundas implicações para a cadeia de fornecimento global da moda e para centros de produção de países asiáticos e africanos.
https://www.youtube.com/watch?v=zI7u9V5aYt4
Os sewbots poderão eliminar milhões de postos de trabalho e fabricar produtos de melhor qualidade de forma mais eficiente do que os seres humanos. Os benefícios para a automação incluem mais confiabilidade e menos variantes, e isso é vital quando o tempo de lançamento no mercado é importante. Eles também podem mudar a forma como as empresas são estruturadas, forçando-as a adotar um modelo vertical, assumindo o controle de sua produção localmente e investindo em seus próprios equipamentos de automação.
A fabricação digital automatizada também poderia impulsionar uma maior produção sob demanda, levando a maior customização e menor risco de estoque. “Fabricar agora” está ausente do modelo “veja agora, compre agora”, que da mesma forma que a abordagem tradicional, ainda exige que as marcas façam apostas antecipadas sobre o que realmente vai vender.Em contraste, a automação permitirá que as marcas produzam em resposta à demanda, mais rápido do que nunca, eliminando conjecturas e desperdícios.
Foi isso que a gigante esportiva Adidas fez ao abrir a Speedfactory, sua primeira fábrica de calçados controlada em grande parte por robôs. A empresa, que emprega mais de um milhão de trabalhadores em fábricas contratadas, sendo a maior parte da produção na Ásia, está investindo na produção automatizada como uma forma de produzir e entregar rapidamente produtos em resposta à demanda dos consumidores nos principais mercados.
A fábrica é também uma tentativa da Adidas para entregar produtos através da fabricação personalização em massa, onde os clientes serão capazes de projetar ou personalizar suas roupas e calçados, para então serem produzidos em fábricas automatizadas e entregues dentro de dias. A primeiro Speedfactory foi instalada em Ansbach no sul da Alemanha.
https://www.youtube.com/watch?v=mOghawCYxM8
A automação também poderia transformar a experiência de varejo, substituindo os vendedores humanos por robôs inteligentes de compras como o Pepper, que atendem aos gostos pessoais e podem vasculhar a internet para achar o melhor preço. Lojas físicas podem ser refeitas como centros de fabricação e distribuição, voltadas para “clicar, fabricar e coletar” com máquinas automatizadas de tricô 3D dentro das lojas que fabricam as roupas que depois são entregues na casa do cliente por drones.
Enquanto a fabricação e venda de roupas está mudando radicalmente, assim também será o marketing. Eventualmente, todo serviço feito pelas agências de publicidade e seus parceiros será feito por software. O primeiro rascunho da cópia do produto ainda pode ser editado por um ser humano, mas ele será escrito por uma máquina. Mas é impossível que o toque humano desapareça completamente da moda pois sempre haverá designers humanos para criar produtos e as tarefas criativas que envolvem o gerenciamento e o desenvolvimento de outras pessoas e a interação com outras pessoas não pode ser automatizado.
Mas é muito importante para as empresas, começarem a entender e a investir em ferramentas de automação. Se você tem uma empresa e um concorrente usa a automação, isso vai afetá-lo muito rapidamente. Uma empresa que quer chegar à frente da concorrência com maior qualidade, maior taxa de transferência e mais variedades a custos mais baixos pode dizer sim à automação. Os avanços tecnológicos não esperam e não perdoam ninguém.