Algumas coisas nunca saem de moda. Ao longo de décadas, elas se tornam “clássicos” e arquétipos. Existe toda uma série de relógios, carros, móveis e até eletrônicos de consumo que se tornaram ícones de uma época. No mundo da moda, o denim é, sem dúvida, o tecido mais emblemático e as calças jeans produzidas com ele são usadas em todo o planeta. Mas por que é assim? Comecei a pesquisar sobre a história do denim e as mais recentes tendências para identificar três razões pelas quais não podemos substituir nossos jeans.
A versatilidade do jeans
A relação que temos com nossos jeans é o que o torna tão especial. É improvável que sintamos o mesmo apreço com outra peça de roupa. Com o jeans é diferente. Que outra peça de roupa fica mais atraente com o passar dos anos quando vai ficando desgastada? Não é para dar esse efeito do tempo que as lavanderias utilizam processos de puídos e rasgados nas calças para parecerem velhas?
No Japão, colecionadores pagam fortunas por peças antigas e surradas de jeans e diferente de outras roupas, quanto mais você usá o jeans, mais você a ama. A versatilidade, as memórias e sentimentos que associamos ao jeans o tornou a peça de roupa mais querida e usada pelos jovens de todo o mundo, o que torna essa humilde peça de vestuário em algo eterno. Mas parte da explicação também é encontrado na sua história.
Jeans do passado para o presente e futuro
O que é Denim? É o algodão que tramado e enrolado, vira o rolo de tecido cujos fios são tingidos de índigo, seguido por um processo de foulardagem – sistema de impregnação de substâncias químicas têxteis nos tecidos – e oxidação ao ar, responsáveis pela intensidade do azul no tecido. O jeans é a peça de roupa composta pelo denim tingido com o índigo. Sua calça, bermuda, camisa, jaqueta e seu short são grandes exemplos de jeans.
O jeans tem desempenhado um papel central na maioria das décadas da moda desde a Segunda Guerra Mundial. Os jovens rebeldes dos filmes deram seu primeiro impulso ao jeans na década de 1950, e na década de 1960, os hippies fortaleceram a conexão entre rebelião e o jeans. Mas na década de 70, o tecido denim perdeu impulso para o poliéster e só voltou a acelerar em meados dos anos 80.
Desde então, o jeans não parou mais de influenciar a moda, e não importa em qual década no infinito ciclo da moda nos inspiramos, o jeans é parte dela. Quer se vestir como James Dean, Marlon Brando, Steve McQueen, Robert Redford, Bruce Springsteen, Kurt Cobain ou Rolling Stones, o jeans é parte do guarda-roupa. De acordo com essa lógica, nós também vamos usar jeans em 2030 mas com novas tecnologias integrados ao tecido como é o caso do Odo Denim que não precisa ser lavado, não dá mal cheiro e nunca suja.
Denim bruto
O denim bruto conhecido como “raw denim” é aquele que não foi tratado e lavado industrialmente antes de atingir as prateleiras das lojas. Durante muitos anos, foi o único tipo de peça jeans que você poderia comprar. Mas, como as lavandarias de jeans, especialmente as italianas, nos anos 80 começaram a recriar puídos e desgastes autênticos, os consumidores começaram a amar usar jeans com cara de desgastados. Mas no início de 2000 algo aconteceu.
A moda andrógina e minimalista se tornou popular, e marcas como Nudie, APC e Dior Homme fizeram com que muitos homens estilosos escolhessem usar jeans escuros e com design simples. Ao longo da década de 2000, uma subcultura de entusiastas do denim cresceu em paralelo com a Internet e vimos um retorno às raízes do denim e uma busca do estilo autêntico e original. Surgiram vários tipos de fóruns dos amantes do denim que compartilharam suas dicas.
Foi aí que a tendência do denim bruto atingiu a mídia global poucos anos atrás, e vários “atelier de jeans” começaram a aparecer em todo o mundo. Alguns são mais tecnicamente competentes que outros, mas esses alfaiates compartilham a mesma visão de personalizar a experiência do consumidor com seus jeans. O jeans é feito sob pedido do consumidor e ele escolhe o tecido e os detalhes. Mas, alguns consumidores também estão se movendo na direção oposta optando a não usar o denim.
Tingindo de índigo o denim
O índigo tem sido usado para tingir roupas azuis desde que Tutancâmon governava o Antigo Egito. Mas, não foi até Jacob Davis e Levi Strauss criarem o primeiro par de calças de denim rebitadas, e especialmente após a introdução do índigo sintético em 1897, que a cor azul profundo realmente atingiu os mercados de massa. A singularidade do denim tingido de índigo, e a razão pela qual nós amamos isso, é que a cor não se liga bem ao algodão. Para obter o denim azul, o corante é dissolvido na água, na qual o fio é mergulhado.
Uma característica marcante desse tipo de tecido é o tingimento com anil (também conhecido como índigo). Este corante não tem muita afinidade com o algodão, por isso o tingimento fica apenas superficial nos fios de urdume, formando em cada fio um anel azul e deixando o núcleo branco. Com isso a solidez da cor é muito baixa ao atrito, onde o tecido sofre atrito perde a sua camada superficial de fibras e com isso perde a sua cor.
Ao longo dos últimos anos, os tecidos sintéticos tem recuperado a popularidade com tecidos mais confortáveis e elásticos de usar como por exemplo o jersey e sintéticos. O resultado são tendências como o Athleisure inspirada na flexibilidade atlética das roupas de ginástica e atividade física que podem ser usadas nas ruas e não só nas academias. Um dos exemplos mais conhecidos é a Jogg Jeans, que é uma nova e eletrificante categoria híbrida de produto da Diesel, que combina dois dos mais importantes materiais do vestuário casual: o denim e a malha, criando um segmento totalmente novo.
Adicione a isso a moda sportswear da Nike e Adidas com seus tecidos sintéticos que muitos jovens da geração Y escolhem em vez de jeans. Não é de admirar que as vendas de jeans diminuíram ligeiramente nos últimos anos, pois os estereótipos de herança de moda estão sendo desafiados, mas mesmo assim eu não acredito que o jeans vai sair de moda. O jeans sempre vai se reinventar para continuar a agradar as novas gerações.
Por estas razões, o jeans não vai sair de moda
Apesar das tendências que ameaçam o reinado do denim, é impossível imaginar um mundo sem esse tecido tão amado e durável. Em primeiro lugar por causa da versatilidade do denim e os sentimentos que evocam nossos jeans. Em segundo lugar, o jeans se tornou uma parte tão arraigada do ciclo da moda que sempre estará, de um modo ou de outro, na moda.
O jeans lida com as emoções humanas. Para alguns, é fazer parte de uma comunidade, para outros é o oposto. O jeans é pé no chão e ao mesmo tempo rebelde. É durável e fiel. Poucos clássicos do guarda-roupa comunicam tanto a individualidade, juventude e a rebeldia como o jeans. É difícil encontrar alguém que não goste dele, principalmente pela sua característica de rejuvenescer quem o usa, e é por isso que o jeans não vai sair de moda.
Exelente matéria parabêns!!!!