A moda sustentável está a apresentar uma maior defesa em relação ao encerramento das lojas físicas. “No varejo online as pessoas têm mais tempo para fazer decisões conscientes”, é uma das justificações apontadas. Com milhares de lojas fechadas em todo o mundo e o consumo a transitar para o online, as marcas de moda sustentável estão sendo cada vez mais procuradas, confirmando a sua capacidade de nicho.
“As pessoas estão comprando mais online e têm mais tempo para tomarem decisões conscientes”, segundo Cora Hilts, fundadora e diretora executiva da Reve en Vert, uma plataforma que vende moda de luxo focada na sustentabilidade, citada pela agência Bloomberg. “Estamos melhor neste mês (Abril) que no Natal” diz. Preços mais altos e menor escala mantêm as marcas de moda sustentáveis fora do mainstream e essas caraterísticas podem salvá-las da onda de insolvências que está a chegar às portas dos gigantes da moda fast fashion.
A alteração do consumo na direção da moda sustentável também pode alterar o perfil da indústria em termos de impacto ambiental. Com cadeias de fornecimento mais curtas e mais transparentes, pode aliviar a pressão sobre os grandes produtores de fast fashion da China, Vietmane e Bangladesh.
O que aparentemente se está a avizinhar é uma guerra de argumentos entre estas duas formas distintas de produção. Para Cora Hilts, “os pacotes de estímulos devem ser direcionados, na Europa, para pequenas empresas que operam de maneira ética. Seria bom atribuir fundos a empresas que estão a produzir de maneira sustentável, empregando equipas de trabalhadores conscientes e qualificados e operando localmente”.
Já a fast fashion pede precisamente o contrário: na semana passada, algumas das maiores marcas do varejo pediram à Comissão Europeia que mantenha alguma flexibilidade tributária para com a importação para a Europa de vestuário produzido precisamente nos mesmos países.