Muitos acreditam que a moda é algo frívolo por causa das constantes mudanças de estilos que vem e vão cada vez mais rápido. Mas na realidade, a moda tem uma característica única que a distingue das outras indústrias. Nenhum outro produto é tão íntimo das pessoas do que suas roupas, pois passamos quase o tempo todo em contato com tecidos, desde o nascimento até a morte. E esse é um dos fatores que atrai tanto a atenção da indústria da tecnologia.

Durante milênios, nossa roupas serviram para nos cobrir, nos proteger do clima e como forma de expressão individual de estilo ou posição social. Mas no século XXI, as roupas e os tecidos estão ganhado novas e emocionantes funções, se tornado multifuncionais e inteligentes com a adição da nanotecnologia, biotecnologia e tecnologia vestível. É a nova era da moda conectada que teve seu início na primeira revolução industrial no século XVIII com a invenção do primeiro tear mecânico projetado pelo francês Joseph Marie Jacquard, conhecido como tear Jacquard.

Essa foi não só uma completa revolução têxtil que mecanizou o complicado trabalho manual do tecelão utilizando cartões perfurados que forneciam os comandos necessários para tecer padrões complicados em tecidos, mas muito tempo depois, os cartões perfurados foram utilizados pelos primeiros computadores eletrônicos na década de 40 até o desenvolvimento de métodos de armazenamento mais confiáveis.

O antigo tear Jacquard deu início a nossa atual era da informática e da Internet (veja aqui), mas as novas máquinas eletrônicas de Jacquard e de tricô 3D estão ajudando a criar a Indústria 4.0, transformando nossas roupas em computadores vestíveis. O futuro da indústria eletrônica são os dispositivos wearables e o futuro dos wearables são os tecidos inteligentes.

Como seria um mundo sem tecidos?

A IKEA lançou um interessante comercial que mostra como o mundo seria radicalmente diferente sem materiais como tecidos, linhas etc. Sem esses recursos, seríamos incapazes de fabricar vestuário, como camisas, calças ou quase qualquer outra roupa para cobrir nosso corpo (incluindo acessórios) artigos de cama, mesa e banho ou tecidos técnicos e de decoração. Todos nós utilizamos roupas para nos cobrir mas as roupas também expressam quem somos. Imagine um mundo onde não exite tapetes, almofadas ou cobertores? Nós não teríamos uma vida prática, higiênica e confortável com certeza.

A nova era da moda inteligente e conectada

Em setembro de 2015, o Google em parceria com a marca Levi`s revelaram o Projeto Jacquard como o próximo passo na tecnologia vestível na moda. Utilizando um novo sistema para tecer fios condutores em tecidos, a iniciativa visa incorporar a interatividade do toque e gesto sobre qualquer tecido feito em máquinas de Jacquard ou Tricô industriais. Objetos cotidianos como roupas e móveis, podem ser transformados em superfícies interativas como as telas dos smartphones e tablets.

https://www.youtube.com/watch?v=geVhPMbv9CQ

A aposta da indústria da tecnologia é a de que o grafeno vai revolucionar a eletrônica criando aparelhos flexíveis, inquebráveis, impermeáveis e ultra finos, mas o grafeno também pode produzir roupas inteligentes que poderão incorporar no tecido: celular, leitor mp3, GPS, Wi-Fi, sensores de monitorização médica, dispositivos de segurança camuflados, entre outros dispositivos que poderão funcionar com a energia do calor corporal, energia solar e energia cinética do movimento do usuário.

A maior inovação que se espera do grafeno é a de criar os “tecidos cromáticos” que podem mudar de cor e estampa instantaneamente, tornado obsoleta toda indústria de corantes, tingimento e estamparia têxtil. A moda nunca mais será a mesma!

Aplicações dos tecidos inteligentes

O mercado para tecidos inteligentes é o que mais cresce atualmente pois eles tem diversas aplicações como: medicina e saúde, militar, esportes, moda, decoração, automotivo, aeroespacial, proteção em ambientes perigosos e arquitetura têxtil.

https://youtu.be/6Y-yBKhBuew

Os tecidos Funcionais ou tecidos inteligentes, são sistemas de materiais complexos que requerem grandes redes de colaboração para torná-los uma realidade, a partir de fibra de fios para tecidos. É necessário criar colaborações dinâmicas que reúnem o trabalho teórico e experimental de pesquisadores acadêmicos e parceiros industriais de diversas disciplinas da biotecnologia, medicina, ciência dos materiais, engenharia mecânica, eletrônica, informática e moda, para criar projeto bem sucedidos, prototipagem e produção de tecnologia têxtil avançada.

A indústria têxtil foi e continua sendo a propulsora tecnológica da revolução industrial stylo urbano
Imagens da Drexel University

A partir da união de fios de lã e de cobre, o designer holandês Borre Akkersdijk cria o que é chamado de moda inteligente. Uma de suas propostas mais ousadas é um macacão com Wi-Fi. Além de ser conectado à intenet, o usuário pode ser localizado em todos os momentos, pois um sistema GPS embutido emite suas coordenadas.

A integração bem sucedida de novas fibras e fios em processos de fabricação de tecidos inteligentes exigirá uma abordagem multidisciplinar do século XXI que permite a fabricação precisa e prototipagem rápida. Através do grafeno, nanotecnologia e biotecnologia, poderemos utilizar as modernas máquinas de Jacquard e Tricô 3D para imprimir roupas sem costura com tecnologia embarcada que fará coisas antes inimagináveis. Nossas roupas e sapatos serão o computador portátil final.

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Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

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