A “Era Espacial” lançou uma série de roupas com design futurista, mas nenhuma teve tanto sucesso instantâneo como os vestidos de papel. Lançado pela Scott Paper Co. em 1966, os minivestidos “Paper Caper” eram vendidos através de uma campanha publicitária na edição de abril da revista Seventeen por US $ 1,25. Os vestidos de papel de linha-A vinham com estampas super gráficas e coloridas para serem usados e depois jogados fora após uma utilização. A Scott vendeu meio milhão desses vestidos descartáveis nos primeiros cinco meses sem fazer muito esforço devido a ânsia naqueles dias de ser moderno.

A Scott não tinha a intenção de criar uma mania de moda, mas sim um novo vestuário de papel para vender aos hospitais e outros locais onde a roupa descartável de “tecido não tecido” poderia ser mais rentável do que desperdiçar água quente para lavar as roupas de tecido tradicionais. A Scott estava prestes a introduzir uma linha de toalhas de mesa de papel, e achou que um vestido caseiro de papel promocional seria um chamariz bonito.

Então seu departamento de marketing entrou em contato com a Seventeen, cujos editores ajudaram a empresa a projetar o vestido sem mangas, sem gola com dois bolsos grandes e estampado com desenhos ópticos preto-e-branco ou estampas coloridas de flores psicodélicas. Mas as roupas de papel não foram inventadas nos anos 60 pois já eram utilizadas desde os séculos 18 e 19, quando as roupas e tecidos eram caros, e as pessoas não jogavam nada fora até que estivessem em pedaços.

As mulheres usavam detalhes feitos de papel para obter uma nova aparência por uma fração do que custaria uma nova peça de tecido como narra a escritora Colleen Hill em seu livro Moda sustentável: passado, Presente e Futuro.

A Era Espacial dos anos 60 lançou os vestidos de papel que foram os percussores do fast fashion stylo urbano-1

Feito de camadas de celulose e nylon, o papel texturizado se assemelhava ao tecido de piqué mas era resistente. Assim que foi lançado, outras marcas, como a Mars, Hallmark, Dove, Lux e Lifebuoy, correram para ofereceu suas versões do vestido de papel. A marca Campbell lançou o vestido de papel The Souper Dress estampado com latas de tomate , pegando carona no sucesso das pinturas de Andy Warhol.

Em 1968, os candidatos presidenciais George Romney, Robert Kennedy e Richard Nixon lançaram vestidos de papel promocionais de campanha, e o designer gráfico Harry Gordon criou uma linha de vestidos de papel cobertos com desenhos em estilo de rock ‘n’ roll.

Vestidos de papel não eram apenas para o povão. Algumas das mulheres mais bem vestidas do mundo, como a Duquesa de Windsor e Jackie Kennedy também usavam vestidos de papel, e para um leilão beneficente em Washington, as convidadas trocaram suas roupas Dior por vestidos de papel super elaborados.

Um pianista de concerto na França transformou uma roupa de papel em arte durante sua performance, quando ele usava uma jaqueta de papel criada por Pierre Cardin e dramaticamente cortou as mangas antes do show, e o artista americano Robert Rauschenberg tinha um terno feito de sacola de supermercado.

Investir em roupas de papel parecia ser o mais inteligente na indústria da moda americana. Várias lojas populares a até boutiques finas vendiam roupa de papel por todo solo americano oferecendo até roupas de banho de papel descartáveis, e as lojas de departamento abriram espaços reservados aos vestidos de papel dentro de seus departamentos femininos.

Os vestidos poderia finalmente ser usados cuidadosamente cerca de 10 vezes antes de serem descartados no lixo desde é claro que a usuária evitasse ficar perto de um cigarro aceso e não chegasse muito perto da churrasqueira em piqueniques.

A Era Espacial dos anos 60 lançou os vestidos de papel que foram os percussores do fast fashion stylo urbano-2

Mas como tudo que sobre também desce, após ter sido o objeto de desejo dos fashionistas dos anos 60, o surgimento de novas ideias sobre sustentabilidade no início da década de 1970, os vestidos de papel descartáveis eram vistos como um desperdício e foram jogados na lata do lixo da moda uma vez por todas.

As grandes empresas e estilistas dos anos 60 acreditavam que as roupas de papel durariam por mais tempo, mas as roupas de papel eram divertidos para serem usados no verão pois no frio do inverno, eles não eram suficientemente quentes para vestir.

Infelizmente, os vestidos de papel da década de 1960 foram, em certo sentido, um prenúncio da indústria do fast fashion de hoje, preparando o mundo para uma nova maneira de consumir.  Os vestidos de papel introduziram a ideia da alta descartabilidade na moda, plantando a ideia de que você pode usar algo poucas vezes e depois jogá-lo fora. Agora com a massificação do fast fashion em escala global, você pode fazer isso com tecido de verdade.

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Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

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